Re-Pa vira melhor pré-jogo do Brasil, mas o Parazão é mal conduzido
Re-Pa vira melhor pré-jogo do país
Passadas três semanas, ainda repercute em todo o país e até no exterior a extraordinária festa das torcidas, com seus maravilhosos mosaicos, antes do Re-Pa. O sucesso pode valer uma ressignificação do papel das torcidas organizadas, que agora podem perceber uma forma relevante de chamar atenção. O fato é que azulinos e bicolores já produziram o melhor pré-jogo do Brasil.
Espetacularizar o futebol é uma busca das redes de televisão. E o clássico paraense está construindo seus diferenciais, além do fato precioso de seguir dividindo o estádio meio a meio. Isso coincide com a ampliação da visibilidade através do Canal do Benja. Infelizmente, coincide também com mais uma vexatória novela jurídica e suspensão do campeonato pelo quarto ano consecutivo.
Hora de redimensionar
O Re-Pa ganhou um embalo que não pode ser desperdiçado. Vale a pena, desde já, planejar os próximos passos da construção de um espetáculo maior ainda. E dentro desse processo consolidar a ideia de convivência respeitosa entre rivais. Seria importante o surgimento de uma liderança voltada para a espetacularização e relações respeitosas entre torcidas.
A centenária rivalidade Remo x Paysandu é a cara do Pará. E neste ano de tantas possibilidades de projeção, basta dar continuidade ao que já funcionou no clássico recente. O Re-Pa tem uma energia singular, poderosa, admirável, pedindo para crescer, aparecer, nos orgulhar.
BAIXINHAS
* Enquanto Remo, Paysandu, Tuna e Águia seguem a mesma rotina de treinamentos, visando as Séries B e D, os demais times vivos e os "ressuscitados" do Parazão se viram como podem, inevitavelmente prejudicados na preparação pelas incertezas sobre o recomeço do campeonato.
* Fizemos que o Parazão sofreu suspensão pelo quarto ano consecutivo, por questões jurídicas. É verdade! Mas vamos lembrar que a Segundinha de 2021 teve a bronca entre Parauapebas e São Raimundo, que causou embaraços para o começo do Parazão 2022.
* Na Segundinha as broncas jurídicas e suspensões de campeonato funcionam como "regra". E faz tempo que não há exceção. Essa retrospectiva mostra bem a gravidade do quadro, sem que a FPF apresente providências efetivas para prevenir. O Parazão virou motivo de achincalhe.
* O Parazão consome mais de R$ 7 milhões em verbas públicas e, além do governo estadual, tem outros patrocinadores. É um evento que gera trabalho e renda, gera integração entre as distantes regiões do estado, gera entretenimento... É importante demais para ser tão vulnerável às investidas jurídicas por irregularidades.
* As discussões agora, como nas suspensões anteriores, estão restritas aos fatos atuais: julgamentos, recursos, prejuízos, incertezas... Os olhares estão na superfície. A coluna tem alertado para a sucessão de casos, ano a ano, no propósito de chamar atenção para a raiz dos problemas.
* Há um grande descaso da FPF e dos clubes para o serviço burocrático, cujas falhas ensejam os imbróglios. Não se faz nada por qualificação, nem mesmo a busca de consultoria jurídica. O Parazão é um evento expressivo demais para ser tão mal conduzido.
* Para 2025 a FPF alardeou que teríamos ações de sustentabilidade, num trabalho de parceria com a GTX Tecnologia. Haveria coleta de lixo nos estádios, o "minuto 10 da sustentabilidade", o "craque sustentável da rodada". Além disso, cada gol garantiria 10 toneladas de créditos de carbono, para serem doados a projetos sociais e ambientais que preservam a floresta amazônica. Cumprida toda a fase classificatória, alguém viu alguma dessas ações?