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O Re-Pa pelo ponto de vista dos técnicos

Carlos Ferreira

Times em construção, ainda muito suscetíveis a falhas, o que é muito natural para esse estágio. Ninguém está mais preocupado com isso que Hélio dos Anjos e Ricardo Catalá. Afinal, eles sabem quanto o Re-Pa é impactante no bônus de quem vence e no ônus de quem perde. Isso indica um jogo travado, até que o placar seja aberto e force o time em desvantagem a se arriscar.

Bola parada, grande jogada individual ou falha grave são as melhores perspectivas de gol para esse Re-Pa que se desenha com tanta marcação e equilíbrio de forças. Os trabalhos de Hélio e Catalá devem ser, fundamentalmente, para não perder. Muito compreensível!

Expostos à espionagem

Nesta época de tanta prevenção à espionagem do adversário, Remo e Paysandu se prepararam para o clássico totalmente expostos. Sim! Afinal, treinaram no Baenão e na Curuzu, rodeados de prédios, por não terem as devidas condições de trabalho nos CTs. O melhor é que não houve nenhuma queixa, aparentemente por confiança mútua em postura ética.

A espionagem já foi motivo de maiores preocupações no futebol, inclusive rendendo fatos que entraram para a história. Em 1982, na véspera da decisão estadual (Re-Pa), o Papão fez um treino às 5 da manhã por desconfiar do atleta Zecão, que já havia negociado transferência para o rival e que não foi avisado do novo horário.

BAIXINHAS

* Para a decisão de 1982, Mesquita, no Papão, sugeriu ao técnico César Morais que escalasse o garoto Paulo Robson com função exclusiva de anular Marinho, lateral muito ofensivo do Leão. Como isso foi treinado, Zecão não foi avisado da mudança de horário. Deu certo! Marinho foi mesmo anulado, e o Papão foi campeão.

* Em 1979, o Remo tinha espião na Curuzu. Assim os azulinos ficaram sabendo que Darío mandou engessar a mão direita, quando a machucada era a esquerda. Pior para o rei Dadá, que sofreu tomando pancadas na mão sem gesso.

* Remo e Paysandu são novos times em 2024 com os mesmos técnicos de 2023. A repetição dos técnicos em meio a tantas mudanças não é nada comum, se não for inédito. Os dois vieram para salvar a pátria no ano passado e voltaram cheios de autoridade este ano.

* Olivaldo Moraes (filho) no apito e Olivaldo Morais (pai) como analista do árbitro. Pouca preocupação com a ética! No VAR, Djonaltan Araújo e equipe num trabalho inédito na história do clássico. No campo e no VAR, arbitragem toda regional.

* Hélio dos Anjos em Re-Pa: duas vitórias dirigindo o Remo em 1995, seis vitórias e três empates comandando o Paysandu. Ricardo Catalá só tem um Re-Pa, quando sofreu a segunda das suas únicas derrotas como técnico do Remo. No mais, 8 vitórias e 7 empates.

* Nicolas, artilheiro do Papão, tem média de 0,53 gol por jogo, em 15 Re-Pas. É uma média que o coloca na mesma prateleira de Alcino, Marciano, Dadinho, Bira, Edil e companhia, em matéria de artilharia no clássico.

* Além de ser o clássico mais jogado do mundo (hoje o 771°), o Re-Pa se distingue também por ainda dividir o estádio em 50% + 50% para as duas torcidas. O normal, agora, é o mandante ter 90% dos lugares. Re-Pa, clássico raiz!

Carlos Ferreira