O que está havendo com o Papão?
O que está havendo com o Papão?
Como um time que era tão competitivo pode ter sido tão apático, caricato, quinta-feira, em Florianópolis? E o que esperar contra o Mirassol, amanhã? A fase do Papão é mesmo para questionamentos e reflexões. As respostas apropriadas precisam ter base científica e bom senso.
Como é comum nas crises por baixo rendimento, atletas estão sob ataques nas redes sociais, e até na imprensa, acusados de falta de comprometimento e outras questões do tipo. Este colunista não elimina tais hipóteses, mas vê fatores fisiológicos acima de tudo. A maioria dos atletas está com rendimento físico bem abaixo do potencial por elevado desgaste. Fadiga muscular, que agora soma-se a uma crescente perturbação emocional.
Um caso à parte
O Paysandu, como todos os times de Hélio dos Anjos, é mais físico do que tático. Como ele próprio diz, time dele tem que jogar em alta intensidade, na imposição física. Ocorre que a Série B é uma maratona de jogos e viagens. Não por acaso, os times têm perfil mais tático e evitam correria. O Papão é um caso à parte. Com viagens mais longas e modelo de jogo mais físico, sente maior desgaste. O reflexo está na queda de rendimento e na sucessão de lesões.
Como agravante, o jogo contra o Mirassol, nesta segunda-feira, será o terceiro em uma semana. Só com grande superação, o time bicolor pode ter energia para a imposição física que a torcida vai cobrar.
BAIXINHAS
* Mais do que nunca, o Paysandu precisa fazer bom uso do seu aparato científico/tecnológico, não só para abreviar a recuperação dos atletas mais desgastados, além dos lesionados. Hélio dos Anjos deve estar atento aos relatórios da fisiologia para priorizar os mais "inteiros" na escalação.
* O Remo viveu sua crise por baixo rendimento físico nas primeiras rodadas da Série C, mas por motivo inverso ao do rival. O problema era desatenção aos dados de GPS dos atletas e treinos moderados. Rodrigo Santana fez o time crescer com ajustes táticos e principalmente com a intensificação dos treinos.
* O sofrimento dos azulinos foi por mau uso do aparato científico/tecnológico. Pecado da gestão do futebol! O sofrimento do Paysandu é por não distinguir a realidade da Série B, como maratona, das competições regionais e da Série C. É também por não evoluir nos conceitos táticos.
* O Papão sofre na Série B o que já havia sofrido diante do Juventude na Copa do Brasil. "Clarão" atrás da última linha de marcação! O time joga em bloco avançado com zagueiros lentos. Jogadas de velocidade dos adversários são prodigas em gols e expulsões.
* Expulsos correndo pra trás: zagueiros Quintana, Lucas Maia e Wanderson; laterais Edilson e Bryan Borges; volantes Val Soares e Netinho. Isso tem relação direta com a postura tática do time. Arrojo sem consistência.
* Números do atacante paraense Danrlei, 28 anos, ex-Paysandu, na Coreia do Sul. Ele tem 19 jogos, quatro gols e duas assistências pelo Anyang. Números anteriores de Danrlei: 27 jogos e 12 gols pelo Independente, 50 jogos e 14 gols pelo Paysandu; 30 jogos e quatro gols pela Chapecoense. (Fonte: gol).
* Remo sofreu bloqueio de R$ 300 mil pela 67ª Vara do Trabalho (São Paulo) em favor dos atletas de 2003, por direitos de imagem. CBF repassou o dinheiro à Justiça, do que o Remo receberia pela primeira fase da Série C. O clube segue devendo R$ 323.024,14 nessa causa.