Francamente, temos algum CT?
O Vila Nova/GO inaugurou recentemente seu Centro de Treinamento, uma estrutura completa e compatível com clubes do seu porte. Basta uma busca no YouTube para ver e comparar com o que chamamos de CT por aqui. Temos apenas esboços! Remo e Paysandu precisam avançar muito em obras e equipamentos para alcançarem o padrão de um Centro de Treinamento completo. O Paysandu, especialmente!
Esta coluna faz essa provocação para mostrar que nunca houve momento mais propício para políticas estruturantes. Tanto Remo quanto Paysandu têm agora um fluxo financeiro e circunstâncias favoráveis. É hora de pavimentar o caminho para o futuro.
Leão: um ato de imprudência
No mundo dos negócios, quem anuncia quanto tem para gastar antes de ir às compras? O Remo cometeu essa imprudência ao admitir uma folha salarial mensal de R$ 3 milhões na Série B. Essa declaração foi feita pelo presidente Antônio Carlos Teixeira, recentemente, em um programa de rádio. Esse tipo de informação só serve para aumentar as exigências de quem o clube pretende contratar no mercado.
Não é recomendável ostentar potencial financeiro, especialmente quando se está no limite do orçamento, apenas para se afirmar diante de rivais. Cabe aos dirigentes azulinos desencorajar comentários sobre o tema e manter a discrição — postura fundamental em qualquer negociação. A mentalidade de quem toma as decisões é o que determina o crescimento, ou não, de qualquer clube ou empresa.
Baixinhas
- A Série B é uma oportunidade de estruturação, mas apenas para quem gerenciar finanças com responsabilidade e sabedoria. Gastos descontrolados devem ser evitados. É possível montar um time competitivo e investir para subir de patamar.
- A folha salarial do Novorizontino é de R$ 1,5 milhão por mês, e o time está disputando o acesso, com uma campanha similar à do Santos, cuja folha é de R$ 9,4 milhões. Esse campeonato mostra que o sucesso ou fracasso não é determinado pelo valor da folha, mas pela qualidade da gestão.
- Em setembro, o Vila Nova reportava uma folha abaixo de R$ 1 milhão, enquanto o Goiás admitia gastos acima de R$ 7 milhões. A campanha do Vila Nova, no entanto, é bem melhor! O Paysandu ultrapassa R$ 1,5 milhão, e o técnico Hélio dos Anjos, pouco antes de sair, destacou que há 12 ou 13 clubes com folhas salariais maiores.
- Em 2024, os clubes que disputam a Série B recebem R$ 8,6 milhões em valores líquidos: R$ 7,186 milhões por direitos de transmissão e R$ 1,5 milhão das cotas de placas de publicidade, divididos em oito parcelas. Em 2025, esse valor aumentará.
- Empolgados, torcedores exigem e dirigentes prometem "time de Série A" para a Série B. Mas o que é um "time de Série A"? Folha de R$ 3 milhões? O compromisso precisa ser com contratações criteriosas e uma gestão profissional e responsável.
- Buscar grandes nomes ou currículos imponentes pode ser arriscado, sobretudo se esses jogadores se considerarem maiores que o clube. Pior ainda quando trazem histórico de conduta antiesportiva, como Cazares e Yone González. Não há problema em buscar atletas renomados, desde que sejam profissionais comprometidos.
- Remo e Paysandu precisam melhorar o uso da ciência e da tecnologia para avaliar o desempenho físico dos atletas. Existem dados de GPS (em jogos e treinos) e especialistas que podem indicar quem está rendendo bem, quem está apenas se poupando, ou quem está em fase de declínio. Isso permite cobranças preventivas e individuais incisivas.