Parlamento Europeu: sanções contra o Brasil Aldo Rebelo 02.10.22 7h00 No início deste mês o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que prevê sanções comerciais contra o Brasil e outros países em razão de desmatamento, em uma grande derrota de nossa diplomacia. Os importadores europeus de soja, café, cacau, carne e outros produtos teriam que provar que tais produtos não procederiam de áreas de desmatamento. Os importadores europeus, naturalmente, transfeririam o ônus e o custo do controle das importações para os exportadores brasileiros com o consequente aumento do custo da produção local. Embora o pretexto para as sanções seja a agenda do clima e a proteção do meio ambiente, a verdade é que se trata de mais um capítulo da guerra comercial promovida pelos agricultores europeus, apoiados pelos seus eurodeputados, contra os concorrentes do Brasil e do resto do mundo. É a nobre causa da preocupação com o aquecimento global servindo de espantalho para proteger a agricultura subsidiada cada vez mais dependente do socorro dos tesouros dos países europeus para sobreviver. As sanções europeias são apresentadas no Brasil como derrota do atual governo, o que não deixa de ser verdadeiro, mas é acima de tudo uma derrota para o Brasil, pois a agenda neocolonial da Europa Ocidental e dos Estados Unidos não se limita no tempo ou no espaço ocupados pela interinidade dos governos e governantes. O Brasil liderou uma reação reivindicando a ampliação da consulta aos governos estrangeiros, pois, segundo uma carta entregue aos eurodeputados, as sanções prejudicariam pequenos agricultores dos países atingidos. Assinaram a carta, além do Brasil, Argentina, Equador, Peru, Colômbia, Paraguai, Malásia, Indonésia, entre outros países produtores agrícolas. O grupo considera as medidas unilaterais, discriminatórias e prejudiciais aos seus povos e aos seus interesses. Adotadas às vésperas das eleições no Brasil, as decisões do Parlamento Europeu dividiram nosso País e impediram uma resposta à altura da ofensa e do prejuízo aos interesses nacionais. Enfraquecido e isolado no mundo, o governo brasileiro não encontrou aliados suficientes para impedir a resolução europeia e o Brasil dividido às vésperas das eleições não contou com uma ampla faixa da oposição para fazer a defesa dos interesses nacionais, já que os opositores temiam que essa defesa ajudasse o adversário na disputa eleitoral. O episódio demonstra que o futuro reserva para o Brasil desafios que só serão enfrentados caso o País esteja unido em torno de uma diplomacia independente de defesa dos interesses nacionais, o que está distante do cenário que se avizinha. Divididos em torno da agenda identitária e da guerra cultural e ideológica seremos presas frágeis e fáceis para os predadores das nossas riquezas. O Brasil precisa de união para proteger seus recursos naturais, seus interesses comerciais, sua agricultura, sua indústria e seu futuro. É possível vencer uma eleição dividindo o País, mas é muito difícil conseguir governá-lo depois. Que a lição seja aprendida. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas aldo rebelo COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Aldo Rebelo . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!