O erro na diplomacia do clima Aldo Rebelo 08.03.23 18h20 O Assessor Especial para o Clima do governo dos Estados Unidos, ex-senador e ex-secretário de Estado, John kerry, encerrou sua visita ao Brasil depois de uma reunião com o presidente Lula, com o vice-presidente Geraldo Alckmin, com a ministra das Populações Indígenas Sônia Guajajara e de duas reuniões com a ministra do Meio Ambiente Marina Silva. É de se notar que o presidente Lula já havia encontrado John kerry na Conferência do Egito, em dezembro de 2022, e que a já então indicada ministra Marina Silva manteve com Kerry dois encontros na mesma ocasião no Balneário de Sharm el-Sheikh, durante a Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Outro detalhe importante da visita é que ela ocorreu 15 dias após a presença do presidente Lula nos Estados Unidos para um encontro com o presidente Joe Biden, indicação segura da estreita colaboração do Brasil com a agenda norte-americana para os temas do meio ambiente, aquecimento global, neutralização dos gases de efeito estufa e transição energética. Ao encerrar a visita, o representante especial do clima do governo dos Estados Unidos não anunciou a esperada contribuição para o Fundo Amazônia, mas deixou no ar declaração ambígua a propósito da soberania do Brasil sobre a Amazônia a partir da ideia de que essa parte do território brasileiro é muito importante para o mundo. Seria o caso de informar ao representante do império que o Vale do Silício na Califórnia, as tecnologias lá desenvolvidas e as empresas gigantes lá estabelecidas também são importantes para o mundo, embora os Estados Unidos não ofereçam nenhuma indicação de que estejam dispostos a discutir o papel e o destino do Vale do Silício com o restante da humanidade. Ao celebrar uma aliança unilateral com os Estados Unidos em matéria de interesse multilateral, como é o caso da agenda do clima, o Brasil comete o erro de renunciar à sua tradição de diplomacia de mediação de conflitos para escolher um lado da mesa de negociações, com as graves consequências decorrentes dessa opção. Ao adotar a aliança preferencial com os Estados Unidos, o Brasil desconhece a contribuição do embaixador Araújo Castro, ex-chanceler do governo João Goulart e chefe da delegação do Brasil na primeira Conferência do Clima em Estocolmo, em 1972. Araújo Castro na época denunciou a tentativa dos países ricos de usar a questão do meio ambiente para a tentativa do que ele denominou de congelamento do poder mundial, que consistia na divisão dos países em dois grandes grupos, um consumidor de recursos naturais e matérias primas e o outro fornecedor desses mesmos recursos. O Brasil deve oferecer sua inestimável contribuição ao debate mundial sobre o meio ambiente e à redução da emissão dos gases de efeito estufa, mas deve também assegurar o direito dos brasileiros ao desenvolvimento pleno e à elevação do padrão de vida material e espiritual, com responsabilidade ambiental e social. Aldo Rebelo é jornalista, presidiu a Câmara dos Deputados e foi ministro das pastas da Coordenação Política e Relações Institucionais; do Esporte, da Ciência, Tecnologia e Inovação; e da Defesa Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave aldo rebelo Aldo Rebelo COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Aldo Rebelo . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!