Aldo Rebelo

O jornalista Aldo Rebelo foi presidente da Câmara dos Deputados, relator do Código Florestal Brasileiro e ministro das pastas de Coordenação Política e Relações Institucionais; do Esporte; da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Defesa. A Amazônia, política nacional e desenvolvimento regional estão entre os temas a serem discutidos, neste espaço, todo primeiro domingo do mês.

O Brasil precisa de União e Paz

Aldo Rebelo

O dia 1º de janeiro de 2023 anuncia o primeiro dia do novo ano e o primeiro dia do novo governo no Brasil. O presidente Lula foi eleito para o seu terceiro mandato em meio a um país dividido por uma agenda artificial crivada por arengas da extinta guerra fria e que despreza as necessidades mais urgentes do Brasil e de sua população.

O problema é que é possível ganhar uma eleição em um país dividido, mas torna-se difícil governá-lo depois. Acrescente-se que dividida a Nação não reunirá as energias espirituais, sociais, intelectuais e políticas necessárias para a retomada do desenvolvimento, da redução das desigualdades e da construção da democracia, pois todo o esforço nacional terá se esgotado em disputas inúteis e estéreis.

A divisão da sociedade em torno de causas decisivas para a construção do futuro é uma consequência inevitável do processo histórico, e sua superação pode desencadear energias criadoras para a vida nacional. O Brasil já esteve dividido em opiniões favoráveis e contrárias em episódios formadores como a Independência, a Abolição da Escravatura, a Proclamação da República e a Revolução de 1930. Em todos esses casos a divisão foi superada e o País reencontrou o seu caminho. Não é o que acontece hoje. O Brasil está dividido por uma pauta de costumes distante da realidade do povo e por uma agenda ideológica apartada dos desafios reais do País.

A centralidade da questão nacional, como tornar o Brasil forte, desenvolvido e socialmente equilibrado são temas que passaram ao largo da última eleição presidencial.

O Brasil precisa da união do seu povo, das suas elites políticas, empresariais, intelectuais e acadêmicas para fazer frente aos inúmeros desafios para que nos tornemos uma sociedade próspera e respeitada em todo o mundo. É evidente que essa é uma responsabilidade de todos, mas ela é maior para os governantes, que devem dar o exemplo da defesa da unidade do País e de sua pacificação.

É necessário oferecer ao governo eleito um crédito de boa fé e aguardar suas ações iniciais. Os primeiros sinais são contraditórios ao não deixar claros os objetivos que se confundem entre o pragmatismo político e arroubos que podem revelar ressentimentos e feridas ainda abertas das batalhas recentes que alternaram vencedores e derrotados em 2018 e 2022.

O presidente eleito para o terceiro mandato governará em uma conjuntura muito distinta da que encontrou no seu primeiro mandato. A competição violenta entre China e Estados Unidos, a guerra da Otan contra a Rússia na Ucrânia e a difícil situação econômica interna condicionarão as ambições do governo com a autoridade presidencial muito contestada se comparada com aquela do presidente que tomou posse em 2003. A verdade é que o presidente Lula dispõe de pouca margem para erros na economia e na política, já que as concessões ao identitarismo e ao neomalthusianismo ambiental constituem erros anunciados e precificados desde antes de sua posse. Vamos aguardar e torcer pelo melhor.

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