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Cerimônia ecumênica marca desativação do hospital de campanha do Hangar em Belém

Edital da Secretaria de Cultura foi lançado para construção de memorial; Helder comemora dia histórico

Thainá Dias

Gratidão e emoção foram os sentimentos que marcaram a cerimônia ecumênica de desativação do Hospital de Campanha do Hangar em Belém na tarde de sábado (16), onde cerca de 7,3 mil pacientes com covid-19 foram atendidos desde o início da pandemia do novo coronavírus. O local voltará a funcionar como centro de convenções e eventos em 2022.

Durante a cerimônia, além de autoridades, lideranças evangélicas, católicas, islâmicas, judaicas e afro religiosas falaram sobre a pandemia no Pará, da recuperação das pessoas, e da importância da vacinação. Segundo o governador do Estado, Helder Barbalho, o Hospital de Campanha foi um dispositivo fundamental para o enfrentamento da doença. “Nós conseguimos ampliar a rede hospital e garantir que o nosso Estado tivesse capacidade diante de todos os desafios, de toda a pressão do sistema de saúde para garantir os atendimentos necessários a população. Devemos agora nesse momento agradecer a Deus, aos heróis da saúde, à vida daqueles que se salvaram e ter solidariedade e empatia com toda as famílias que estão sofrendo a dor da perda. Mas fica marcado na história que o Pará se uniu por esta causa”, celebrou.

Helder também agradeceu a todos os profissionais de saúde e órgãos envolvidos na luta contra a covid-19 no Pará. “Aos profissionais da saúde, vocês doaram a vida de vocês, deixando de lado a preocupação pessoal, a preocupação com a própria família. Muitos de vocês deixavam de voltar para as suas casas para não colocar em risco seus familiares. Agradeço também a parceria de todos os órgãos públicos, agradecer a todos que estiveram com a gente nessa linha de frente. Agradeço a imprensa pois foi decisiva para orientar a população. Em tempos de fakes news, a imprensa foi fundamental. Agradeço ao meu Pará, nós vencemos a covid-19. Isso não significa que devemos deixar de lado a continuidade de todos os cuidados. Não podemos descansar, precisamos seguir lutando”, reforçou o governador.

O Secretário de Saúde Pública do Estado, Rômulo Rodovalho também ressaltou a importância do hospital do campanha do Hangar para os paraenses. “No auge da pandemia, nós chegamos a ter 420 leitos disponíveis para toda a população, além de ajudar outros estados e o sistema de saúde particular. Tivemos mais de 1.500 profissionais de saúde que por aqui passaram, salvamos mais de 5 mil vidas, mais de 7 mil pessoas foram tratadas, ou seja, é uma grande vitória. Agora temos que continuar nessa batalha, respeitando a dor de todas as pessoas que perderam pessoas amadas. Agora vamos virar uma página para que o Hangar possa voltar para dentro do seu perfil de centro de convenções e que as redes especializadas na covid-19 possam continuar exercendo um bom papel”, destacou.

A enfermeira Arícia Calixto, que trabalhou no hospital, não escondeu a emoção ao falar sobre o período difícil enfrentado no local. “A emoção é inexplicável, é uma sensação de dever cumprido. Poder contribuir para a recuperação de muitos pacientes, poder vê-los tocando o sino da vitória, voltando para suas famílias então é uma satisfação muito grande para nós, profissionais que trabalhamos arduamente para isso. Passamos por dificuldades, perdas que foram tristes para a equipe, mas hoje, estar aqui e poder ver este hospital ser desativado, ver que estamos vencendo, é uma sensação maravilhosa”, afirmou.

Sentimento que também foi compartilhado pela técnica de enfermagem, Ediana Silva, que ficou durante um ano e quatro meses vivenciando vitórias e dramas dos pacientes. “É muito gratificante poder estar aqui hoje. Tanto para nós como para os familiares dos que aqui passaram. Só tenho que agradecer e comemorar por poder estarmos vivendo esse fechamento. Valeu a pena a dedicação”, comemorou.

A Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz se apresentou no local e tocou durante o apagar de luzes do hospital, que foi transmitido em um telão às pessoas que estavam na celebração.

 

Memorial do Hangar em homenagem ás vítimas, profissionais e pacientes curados

Durante a celebração, o governo do Estado também lançou um edital para a construção de um memorial no local em homenagem às vítimas da Covid-19.O Prêmio de Arte Pública Marco Simbólico da Luta pela Vida é para selecionar artistas que possam fazer uma "obra tridimensional cinética de caráter público e permanente no Hangar", segundo o governo. Além de Belém, havia hospital de campanha em Marabá, Breves e Altamira, que também já foram desativados.

Jacilene Miranda, que perdeu seu único irmão Jacson Miranda, fez um ato simbólico e plantou mudas em homenagem ao irmão e todas as vítimas. “O ato de plantar aquela muda trouxe pra mim uma emoção muito grande. Perdi meu único irmão para esta doença, isso é muito doloroso. Hoje se ele estivesse vivo, estaria completando 46 anos, então é um misto de tristeza e emoção. Mas graças a Deus tivemos muitas pessoas vitoriosas em meio a essas tragédias. É muito triste, mas precisamos ter esperança sempre”, afirmou emocionada.

Nos próximos meses, o Hangar Centro de Convenções da Amazônia deve passar por limpezas e restruturação para voltar a receber congressos e eventos no ano que vem.

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