Veja como é feita a produção de fitinhas coloridas para pedidos à Nossa Senhora de Nazaré
Um símbolo da fé, as fitinhas coloridas para amarrar no pulso representam pedidos de muitos devotos da padroeira dos paraenses
As fitinhas coloridas para amarrar no pulso representam pedidos de muitos devotos de Nossa Senhora de Nazaré. Quando chega o mês de setembro, às vésperas do Círio, realizado no segundo domingo de outubro, a produção desses itens fica a todo vapor. Em Belém, o casal de autônomos José Antônio Mendonça, 56 anos, e Waldiane Mendonça, 38, produz fitinhas em casa.
Eles moram no bairro do Marco. A produção é basicamente para o Círio. Devem produzir 50 mil fitinhas este ano. O autônomo começou esse ofício há 20 anos. A produção deste ano foi iniciada no começo de setembro. José Antônio recebe encomendas de empresas e lojas. Só para uma empresa, está preparando 20 mil fitinhas verdes e laranja.
No dia do Círio,ele também vende fitinhas nas procissões. Durante o dia, o casal corta as fitas, que são pintadas apenas à noite. “Isso é por causa da quentura, senão vamos perder a tela (onde é feito esse trabalho, em uma pequena mesa)”, explicou o autônomo. Um rolo vem com 110 fitas.
Ele afirmou que se sente grato e alegre por saber que as fitinhas são usadas pelos devotos. E, também, por representar uma fonte de renda para ele e a esposa. “É uma renda extra, porque não estou trabalhando. Eu era vigilante. Mas, por causa da minha idade, não deu mais pra ser. E procurei fazer outras coisas”, contou.
Durante o dia só dá para pintar com as tintas de cores por causa da quentura. A branca só pinta à noite porque a tinta é mais forte e entope muito a tela. “Aí vou perder as telas todinhas. E tenho que fazer outras e vou ter mais trabalho”, explicou. No Círio, José Antônio vende três fitinhas por R$ 2.
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Significado das fitas
A fita é um símbolo da fé. Os romeiros fazem três pedidos, com três nós. E, para os devotos que visitam a Basílica Santuário de Nazaré, tornou-se tradição amarrar uma fita no portão em frente à igreja. O ato pode estar relacionado a algum pedido especial ou agradecimento pela intercessão mariana em uma graça alcançada.
Consideradas como fortes símbolos de piedade popular, as tradicionais fitas amarradas em frente ao portão são retiradas todos os anos para que a sejam incineradas, explica a Arquidiocese de Belém.
Diz o Documento de Aparecida (DA), 258: “Esta maneira de expressar a fé está presente de diversas formas em todos os setores sociais, em uma multidão que merece nosso respeito e carinho, porque sua piedade reflete uma sede de Deus que somente os pobres e simples podem conhecer”.
Segundo o Papa Francisco, é de suma importância manter a piedade popular viva e não esquecer a Evangelii Nuntiandi, Exortação apostólica de 8 de dezembro de 1975 na qual o Papa São Paulo VI, alterou o nome de “religiosidade popular” para “piedade popular”.
Também o atual Santo Padre, após ler o DA enviado a ele pelo Vatican News, declarou o seguinte: “Em nossa cultura latino-americana e caribenha conhecemos o papel tão nobre e orientador que a religiosidade popular desempenha, especialmente a devoção mariana, que contribuiu para nos tornar mais conscientes de nossa comum condição de filhos de Deus e de nossa comum dignidade perante seus olhos, não obstante as diferenças sociais, étnicas ou de qualquer outro tipo” (DA, 37).
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