Tradicional Feira do Miriti de Abaetetuba chega à capital paraense
A Feira do Artesanato de Miriti da Prefeitura de Abaetetuba começou na quarta-feira (04/10) e segue até sábado (07/10), das 8h às 22h, na Praça Dom Pedro II, no bairro da Cidade Velha
O Miriti, considerado o isopor da Amazônia, com uma fibra leve e cheia de significado torna o imaginário palpável. Os tradicionais brinquedos de miriti são extraordinários, tão mágicos quanto a sua forma de preparo, além da criatividade, uma prática que atravessa gerações, uma das maiores expressões da cultura paraense, sendo o quarto elemento mais importante do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. A arte é sustento, é beleza, é encanto, é afeto, é costume, conhecimento, é puro talento e originalidade.
O miriti, além de está presente no cotidiano e na criatividade, este ano, também é anfitrião na Feira de Artesanato de Miriti, gerando renda e mantendo a tradição da quadra nazarena.
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Neste ano, completando 50 anos de atuação nas festas da quadra nazarena, Raimundo Peixoto investe nas peças tradicionais para colocar à venda na feira do Círio e está confiante no sucesso das vendas. “Eu estou bastante empolgado, eu tenho fé que vou vender tudo. Estou aí com umas quinhentas e poucas peças para levar”, declarou o artesão.
É neste período do Círio que a imaginação dos artesãos de miriti ganha formas nas peças temáticas que enfeitam as ruas da cidade e as casas, além da expectativa do aumento da renda. Réplicas da berlinda, da imagem de Nossa Senhora de Nazaré e outras peças que remetem à festividade estão no vasto repertório de criação de Dorielma Cardoso, artesã há 45 anos.
“A gente tá com uma expectativa boa, trabalhando dia e noite. A cada ano que passa a gente procura levar coisas diferentes, esse ano vamos levar muito a parte religiosa, como por exemplo, a berlinda, oratório, pagadores de promessa, os romeiros”, contou.
Sobre a feira
As peças dos artesãos podem ser conferidas até sábado (7), na Praça Dom Pedro II, no bairro da Cidade Velha, no centro histórico de Belém, durante a Feira de Artesanato de Miriti. A programação é realizada pela Prefeitura Municipal de Abaetetuba, sede principal desse artesanato produzido no Pará. O slogan do evento este ano é “Abaeté na Fé”.
Nos quatro dias de feira será possível conferir toda essa versatilidade do artesanato de miriti. O evento abrigará 38 stands de expositores vindos de Abaetetuba para comercializar a produção que abrange cerca de 60 artesãos, distribuídos em uma tenda de 500 metros quadrados instalada nas imediações da Catedral Metropolitana de Belém, ponto de partida da procissão do Círio.
Para o município de Abaetetuba, o evento faz parte de um processo contínuo de valorização e apoio à arte local. “A feira visa fortalecer a parceria com os artesãos no sentido de valorizar a cultura do miriti, estreitando laços e estabelecendo um bom diálogo para que possamos prestar mais apoio para sua atividade”, declara o diretor da Fundação Cultural Abaetetubense, Murilson Monteiro.
Este ano, além das vendas do artesanato, a feira, com o tema “Abaeté na Fé” também contará com apresentações musicais de artistas abaetetubenses, reforçando a ligação entre a Capital Mundial do Brinquedo de Miriti e a festa de Nossa Senhora de Nazaré.
História
A tradição do brinquedo de miriti surgiu município de Abaetetuba, conforme narrativas dos artesãos e artesãs, por iniciativas dos próprios filhos dos ribeirinhos, que não tinham acessos aos brinquedos industrializados. Assim, a bucha do miriti foi utilizada em uma das primeiras tentativas de modelar o brinquedo, devido sua leveza e facilidade de flutuar nas águas dos rios e igarapés.
Não demorou muito para os brinquedos coloridos e em miniatura começarem a enfeitar as procissões dos círios locais e de Nazaré em Belém do Pará, uma das formas de expressão que os promesseiros, sendo homens e mulheres, encontraram para demonstrar seus agradecimentos às preces alcançadas, um ato de fé e devoção.
Que são valores e comportamentos frutos dos discursos à priori históricos, que nos antecedem e se firmam na cultura, nas circunstâncias pela qual formos colonizados, uma prática colonial.
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