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Promesseiros de Maria: laços vão além do agradecimento por graças alcançadas

Nos momentos de maior aflição, paraenses pedem intercessão de Maria e ela nunca decepciona seus filhos

Michel Ribera
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Fé. Este é o maior significado que move milhares de devotos da Virgem de Nazaré, não apenas no segundo domingo de outubro, quando acontece a procissão do Círio, mas em todos os dias do ano. É com a “mãezinha”, como muitos a chamam, que os paraenses se apegam nos momentos de maior aflição. São os promesseiros de Nazaré.

image Manifestações de fé e gratidão tomam conta das ruas de Belém (Ivan Duarte / O Liberal)

No meio desse mar de gente, está a assistente social Cleonice de Souza Farias. Ela conta que, desde criança, quando ainda morava no município de Bagre, na Ilha do Marajó, os pais a ensinaram o caminho da religiosidade católica e a ter fé na padroeira dos paraenses.

image Após ser curada, Cleonice de Souza Farias borda, todos os anos, o manto para o Círio de Bagre (André Oliveira / O Liberal)

Mas o estreitamento do laço de devoção aconteceu em 1995, quando a afilhada teve um problema de saúde. “Eu me apeguei com Nossa Senhora de Nazaré para que ela salvasse a vida da menina e, como prova da minha gratidão, iria bordar e doar o manto para o Círio de Bagre. E foi, pela honra dela, que a minha afilhada se recuperou e eu cumpri o prometido”, lembra.

Os anos se passaram e, em 2002, mais uma vez, a assistente social precisou da intercessão de Maria para uma nova cura. Dessa vez, Cleonice tinha sofrido um infarto e enfrentaria um longo período de tratamento. Ajoelhada diante da imagem, rogou para que a padroeira a curasse. Novamente, o pedido foi atendido. Como prova de gratidão, a devota se propôs a, enquanto fosse viva, continuar confeccionando os mantos usados por ela, nos Círios da terra natal. Um trabalho que exige longos meses de dedicação, mas como resultado, além de mantos belíssimos, o coração transbordando de alegria e gratidão.

Como a vida sempre é uma caixinha de surpresas, sete anos depois, um novo diagnóstico veio reafirmar a fé da assistente social. “Quando recebi um diagnóstico de câncer de útero, fiquei apreensiva. Um buraco se abriu no chão, mas eu não me deixei abater. Voltei a me apegar com a minha santinha. O tratamento foi pesado, mas ela nunca soltou minha mão”, conta emocionada a devota que, hoje, faz parte dos voluntários da Casa de Plácido, auxiliando nos trabalhos ao longo do ano e reforçando o time que atua recebendo os romeiros que chegam de todo o estado, para as romarias durante a festa do Círio.

VESTIBULAR

O médico Elder Nylander também compartilha no relato emocionado, e na pele, a devoção e amor por Maria de Nazaré. “Minha vida de promesseiro começou em 2002, quando eu ia prestar vestibular para medicina. Era um sonho desde criança. Então, pedi para Nossa Senhora a graça de realizá-lo, mas, também, a maturidade de compreender se não fosse o momento de ingressar na universidade. Graças a ela, consegui ser aprovado na UFPA naquele ano”, recorda.

image Elder Nylander pediu pela aprovação no vestibular: para agradecer ele vai na corda do Círio (Divulgação)

Como gratidão, Elder juntou-se a milhares de pessoas e foi na corda do Círio. “A corda assusta muito mais para quem está do lado de fora. Quando você a segura, é uma mistura de sentimentos. O cansaço e as dores vão diminuindo e dando lugar ao êxtase e leveza na alma por estar ligado diretamente com Maria”, explica o médico que contou com a ajuda dos pais para cumprir a promessa.

E quem disse que ele parou de ser um “filho da corda”? Elder conta que a emoção e o sentimento único, vivenciados naquele ano, o impulsionaram a ir outras vezes agradecer e louvar a Virgem de Nazaré. Essa foi uma promessa feita ao final daquele Círio de 2002. “Prometi pra ela que, enquanto tivesse saúde, não importa onde eu estivesse, estaria em Belém e iria puxar a corda no Círio como forma de agradecer por tudo o que ela fez e representa na minha vida”, garante.

image Tatuagem representa a importância da corda do Círio na vida de Elder (Divulgação)

Essa ligação com a corda tem um significado tão especial na vida do médico que ele chegou a tatuar este símbolo de fé nas pernas como forma de eternizar a ligação que tem com o Círio e com Maria. “É um elo que se eterniza no meu coração e também na pele. Muitas pessoas que não conhecem o Círio, quando perguntam sobre o significado da tatuagem, conto com orgulho e sempre a reação é de encantamento e vontade de conhecer essa nossa grandiosa festa de fé. Fico muito orgulhoso em ser filho de Maria e propagar a devoção e as bênçãos que ela nos concede”, diz Elder.

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