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Pais vestem os filhos de anjinhos para a Romaria das Crianças neste domingo (20)

A versão adaptada do Círio para os pequenos conta com medidas adicionais de segurança; veja quais são

Eva Pires

Em Belém, a devoção à Nossa Senhora de Nazaré começa cedo, e a Romaria das Crianças oferece aos pequenos a chance de vivenciar a fé de forma adaptada, mais lúdica e segura. Neste domingo (20), a procissão realiza sua 32ª edição, reunindo famílias em um percurso de 3,7 km ao redor da Basílica. As crianças vestidas de anjo simbolizam a fé e a gratidão católica, representando promessas cumpridas ou graças alcançadas.

Para a advogada Paula Conte, de 36 anos, o Círio das Crianças é uma tradição que atravessa gerações. Quando era pequena, costumava acompanhar a avó nas celebrações. Durante a gravidez, começou a participar com o marido, Ewerton Conte, e, atualmente, continua a tradição ao lado dos dois filhos, Kallyl, de sete anos, e Kalleb, de três. Os meninos caminham pela procissão vestindo asas, túnicas e auréolas de anjo, que a cada ano, retratam a realização de um desejo. 

"Desde a gestação de Kallyl acompanhamos o Círio e assim foi em todos os anos. Quando Kallyl estava na UTI, nós pedimos que Maria cuidasse dele e me desse ele em meus braços. Ela me atendeu. Com a chegada de Kalleb, como de tradição, continuamos. Kalleb é autista e tem seus desafios. Fiz promessa à Maria e ela a cada dia abençoa o meu filho. A cada dia ele tem se desenvolvido mais e está falando melhor", compartilha a advogada.

Paula acredita que as crianças desempenham um papel essencial no Círio, pois desde cedo aprendem a participar da celebração e a reconhecer a importância da santa. Ela descreve a celebração como uma ocasião de homenagens junto à família, no qual as crianças expressam fé e devoção, enquanto compreendem o papel de Maria como mãe de Jesus. Kallyl e Kalleb ficam extremamente animados e na contagem regressiva para o grande dia. Eles vivenciam cada etapa da celebração, participando das missas, acompanhando as procissões e a saída da imagem da santinha.

"É um momento de muita emoção. Falar da mãe de Jesus, sentir aquele afago só de olhar a ela e ser contemplado no meio da multidão com nossos pequeninos é maravilhoso", reflete Paula.

Diretor de procissões destaca a segurança do evento

Antônio Sousa, diretor de procissões, conta como surgiu a ideia de criar uma versão do Círio voltada especificamente para as crianças. "Eu costumo dizer que o Círio das crianças é o Círio da família, pois é quando a família tem a segurança de levar seus pequeninos durante uma caminhada para homenagear Nossa Senhora. Então, a romaria foi criada pensando nisso, em como os eles poderiam participar de uma forma tranquila e segura", compartilha.

Ele garante que as medidas de segurança na Romaria das Crianças seguem os mesmos padrões das demais procissões, com cuidados redobrados. Para isso, o percurso é menor e todo arborizado, onde as ruas são bloqueadas e interditadas. Além disso, há equipes médicas e postos de atendimento de saúde ao longo do trajeto para emergências.

A organização também conta com um grupo chamado "Anjos da Guarda", composto por mais de 300 jovens, cuja função é acolher crianças que possam se perder durante a procissão e anunciar os nomes durante o percurso. Essas crianças são levadas à concha acústica, onde aguardam até serem reunidas com suas famílias, que podem procurar o local no final da romaria.

Quanto à preparação para a festividade, Antônio recomenda que as crianças estejam bem alimentadas e hidratadas antes e durante o percurso. Sugere-se levar frutas e líquidos para consumo ao longo do caminho.

Para o diretor de procissões, o Círio das crianças significa proporcionar uma experiência de fé e proteção divina para os pequenos. "Quando você vive esse momento com a família durante a missa e a caminhada, você faz a família se aproximar de Deus e ter uma referência. É ver que nós temos uma mãe, a Mãe de Jesus, que nos protege, nos abençoa e que existe um manto que cobre todos nós. Jesus sempre fala que o amor de Deus é o amor da criança, um amor praticamente transparente, honesto, puro e, assim, eles se familiarizam com aquela que é a mãe maior", reflete.

Você sabia?

A tradição de vestir as crianças de anjos foi importada de Portugal e está presente desde o primeiro Círio de Nazaré, em 1793, com a incorporação do Carro do Anjo Custódio, em referência à promessa pela cura da filha do então governador da Província, Ângelo Custódio.

(Eva Pires, estagiária sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo de Atualidade)

Círio 2024