Elói Iglesias explica a essência da Festa da Chiquita: 'Pagã, não! Profana'
Para o coordenador do evento, a festa celebra a autenticidade sem pedir acolhimento religioso
A Festa da Chiquita é um dos eventos culturais mais aguardados do Círio de Nazaré. Apesar de ser frequentemente chamada de festa profana, Elói Iglesias, coordenador geral da festa, faz questão de esclarecer que, em sua visão, o evento se aproxima mais de uma celebração pagã. Segundo ele, a grande distinção entre os conceitos de profano e pagão está na relação com as instituições religiosas.
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Para Iglesias, o caráter pagão da Festa da Chiquita se expressa na celebração pela celebração, sem a intenção de contrapor-se ou desafiar qualquer religião.
"Olha, no meu entender, tá? Eu acho que a grande diferença do profano para o pagão é que o pagão você não tá contra nada. Você tá festejando. Você tá fazendo com que as coisas aconteçam conforme a energia que tá rolando naquele momento", explica.
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Ele enfatiza que a festa não tem como objetivo provocar ou buscar acolhimento de instituições religiosas, especialmente da Igreja Católica. "O profano parece que é aquela coisa que tu quer ser acolhido pela igreja...", reflete.
Iglesias ressalta que o paganismo, ao contrário do que muitos acreditam, não busca afrontar a fé ou os rituais católicos. Ele acredita na celebração da energia e das forças da natureza de maneira espontânea e independente de dogmas. "O pagão não tá atrelado à igreja. O profano, eu vejo, está atrelado à igreja, como se nós estivéssemos querendo fazer uma frente à igreja. Não estamos pedindo bênção para o Papa, nem nada disso. A gente quer é diversão, a gente quer arte, a gente quer mostrar a nossa cultura".
A Festa da Chiquita, segundo seu coordenador, tem um caráter fortemente cultural, enraizado no desejo de celebração sem que isso implique em qualquer afronta à Igreja ou a Nossa Senhora de Nazaré. "Eu acho que é um momento de cultura mais forte que tem", afirma Elói. Ele aponta que, para muitas pessoas, a relação com figuras religiosas, como Nossa Senhora, está muito mais associada à infância e à necessidade de acreditar em algo mágico ou extraordinário, comparando a Virgem de Nazaré com um personagem que existe no imaginário afetivo dos devotos e devotas.
"Eu não concor
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A Festa da Chiquita, assim, perdura como uma expressão autêntica e alegre de cultura, diversidade e liberdade, sem os amarrilhos do profano. O evento, para Iglesias, é pagão por celebrar a vida, a arte e a energia. Ele conclui dizendo que os seres humanos, ao longo da história, sempre buscaram formas de dar sentido à vida, e a Festa da Chiquita é uma das maneiras de celebrar a existência e o momento presente. "Nós somos seres humanos inteligentes, então, tu tem que inventar", finaliza.
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