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Produção de cera entra em ritmo intenso para promessas no Círio

São itens em forma de casa, partes do corpo e até animais, que os devotos carregam durante procissões da quadra nazarena, representando promessas e agradecimentos; em Belém, a Casa Círio, na Cidade Velha, produz cerca de 100 mil a 120 mil objetos de cera por ano

Dilson Pimentel

Os objetos de cera na forma de partes do corpo humano ou de bens materiais e as fitinhas coloridas para amarrar no pulso representam as promessas de muitos devotos de Nossa Senhora de Nazaré. E, em setembro, é intensificada a produção desses itens.

Na tradicional Casa Círio, no bairro da Cidade Velha, são produzidos de 100 mil a 120 mil objetos de cera por ano. Já o casal de autônomos José Antônio Mendonça e Waldiane Mendonça confeccionam, na casa deles, no bairro do Marco, em torno de mil fitinhas coloridas.

Pedro Manoel Barbosa, gerente da Casa Círio, cujos trabalhadores fabricam objetos em cera usados pelos promesseiros, disse que os itens mais procurados são cabeça e casa. “A casa é o sonho de qualquer brasileiro. Afinal, qualquer trabalhador que precisa do seu cantinho”, contou. “Quanto à cabeça... São algumas situações que a gente, muitas das vezes, não entra no mérito da promessa do comprador. Mas tem a ver com saúde. E com uma série de dificuldades que aparecem”, afirmou.

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Além de objetos em formato de corpo humano, os trabalhadores produzem peças em formato de carro, moto, bicicleta e animais de estimação e, também, barcos. “O que se imaginar a gente produz”, disse Pedro. Mas, em setembro, às vésperas do Círio, sempre surgem encomendas diferenciadas.

Há quem peça galho de maniva, diploma, carteira de motorista, carteira de trabalho. “É uma série de situações que vão surgindo e a gente vai resolvendo”, contou. “Mas eu sempre bato na tecla de que a gente nunca pode deixar de atender. Porque, apesar de alguns pedidos serem bem complicados, a gente não deixa de materializar na cera, porque senão o devoto vai ficar com débito com Nossa Senhora, e débito com Nossa Senhora é complicado”, afirmou.

A produção de cada item gira em torno de 5 a 10 minutos, e os valores são acessíveis, pois levam em consideração o poder aquisitivo das pessoas. Há peças de R$ 10, R$ 20. “A gente tem uma noção de que quem vem comprar as peças são pessoas humildes, pessoas mais carentes. É algo que não vejo como ganho econômico”, disse. Pedro comentou que é um 'triângulo amoroso’: “A gente que produz, o romeiro e Nossa Senhora. É mais uma questão de devoção”. “Tanto que a Casa Círio existe desde 1890 (mais de 100 anos, portanto) e não estamos ricos”, brincou.

João do Socorro Santana, 64, faz objetos de cera na Casa Círio há 21 anos. Ele disse que fica feliz em saber que as pessoas usam os objetos que ele produz para pagar suas promessas à Nossa Senhora de Nazaré. "Faço tudo para não faltar esses objetos para os promesseiros", afirmou.

 

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