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Manhã dos Eleitos acolhe mulheres após experiências difíceis

As homenageadas foram mulheres que estão (ou já concluíram) tratamento contra o câncer de mama ou que foram escalpeladas

Victor Furtado

Todos os anos, a Manhã dos Eleitos homenageia um grupo de pessoas. É uma das programações que antecedem o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, com caráter mais social da festividade. Neste domingo (6), as atenções se voltaram a dois grupo: mulheres em tratamento contra o câncer de mama (ou que já concluíram, mastectomizadas ou não); e mulheres que sofreram escalpelamento em motores de embarcações.

Ambas são experiências difíceis e, potencialmente, traumáticas. A Diretoria da Festa decidiu acolher essas mulheres porque, em muitos casos, a fé acaba tornando os problemas um pouco menos insuportáveis. E na Manhã dos Eleitos, quem participa tem a oportunidade de chegar muito perto da imagem peregrina da Virgem de Nazaré. Até mesmo tocar. Algo que é sonho para muita gente. A bênção foi dada pelo padre Giovanni Incampo. Ao final, teve um show da cantora Juliana Sinimbu.

Vários voluntários ajudaram a fazer um dia diferente e renovador para todas as mulheres homenageadas. As 60 participantes tiveram maquiagem, perucas, novos penteados, conselhos de estética, acesso a cosméticos, dicas de moda e ganharam uma sessão de fotos. Três entidades ajudaram a reuni-las: a ONG dos Ribeirinhos Vítimas de Acidentes de Motor (Orvam) e as alas de Oncologia do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) e Hospital Ophir Loyola (HOL).

"Sofrer com Deus e Maria é menos doloroso e mais consolador. Nunca havíamos acolhido esses grupos de pessoas. E estamos numa campanha de conscientização sobre os acidentes com escalpelamentos e no Outubro Rosa, sobre o câncer de mama", comentou Lilian Acatauassú, membro da comissão organizadora do evento católico.

Darci Lima, presidente da Orvam, destaca que a Manhã dos Eleitos foi precisa em homenagear mulheres vítimas de escalpelamento. Para ela, o número de acidentes, levando em conta o tempo em que já existem campanhas, deveria ser zero. Mas, neste ano, já houve 10 vítimas, sendo 9 crianças. Em outros anos, a média de acidentes era de 15 a 20. A ONG atende, atualmente, 156 mulheres cadastradas.

"Melhorou pouco. A Marinha do Brasil nos ajuda muito nas campanhas e coloca a proteção nos motores. Mas nosso estado é grande e muitos ribeirinhos moram em furos, áreas muito afastadas e de difícil acesso para a Marinha. Não é fácil chegar lá. E muitas dessas mulheres são evangélicas, além de que os cabelos compridos são uma tradição de ribeirinhos. Não tem como mudar a cultura. Mesmo assim, muitas evangélicas estão aqui. A fé é uma só", disse Darci.

Essa homenagem da Manhã dos Eleitos, no contexto do Outubro Rosa, foi muito acertada, aponta a enfermeira Marta Solange Costa. Ela é da Unidade de Assistência de Alta Complexidade de Oncologia (Unacon) do HUJBB e coordenadora do setor oncológico da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). "Foi unir o útil ao agradável. E a fé, nestes casos, ajuda muito na recuperação das pacientes. É um dia de confraternização e de seguir em frente", disse.

O Pará tem capacidade de realizar até 350 mil mamografias por ano. O número de exames aumentou em 10% entre mulheres de 50 a 69 anos de idade. Foram 16.035 de janeiro a junho de 2019, contra 15.643, no mesmo período de 2018.
Câncer de mama é o segundo tipo mais recorrente entre mulheres paraenses. Só perde para o câncer de colo do útero. A Coordenação Estadual de Atenção Oncológica registrou 627 casos de câncer de mama em 2017, 659 em 2018 e 250 em 2019 até o momento. Desse quantitativo, 47% ocorreram em mulheres na faixa etária entre 50 e 69 anos, seguida de 29% em quem possuía de 40 a 49 anos.

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