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Imagem Original de Nossa Senhora de Nazaré: relíquia máxima do Círio em Belém

Padre Francisco Cavalcante, pároco da Basílica, explica em quais cuidados e rituais a Imagem bicentenária está envolta

Gabriel da Mota

A Imagem Original de Nossa Senhora de Nazaré, encontrada no início do século XVIII por Plácido José de Souza, é o símbolo máximo da devoção mariana em Belém e um verdadeiro tesouro religioso. Preservada com extremo cuidado na Basílica Santuário de Nazaré, a relíquia recebe proteção rigorosa e só é exposta diretamente ao público em ocasiões especiais. Segundo o padre Francisco Maria Cavalcante, atual pároco da Basílica, a Imagem permanece em uma redoma e só desce duas vezes ao ano para cerimônias que seguem um protocolo muito bem planejado. "Nós temos todo um cuidado de deixar a Imagem bem reservada", justifica. 

Desde então, uma imagem substituta foi introduzida nas procissões. Inicialmente a do Colégio Gentil, até que a Imagem Peregrina foi criada para esse propósito, e introduzida no ano de 1969. A Original, no entanto, ainda desce do Glória em duas ocasiões anuais: no mês de maio, por conta do aniversário de elevação da Basílica ao título de Santuário; e em outubro, no sábado véspera do Círio. Esses momentos são acompanhados de um rigoroso planejamento, com a participação da Guarda de Nazaré e da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN), em uma cerimônia carregada de emoção. "A ideia é sempre ter o menor número possível de pessoas no presbitério, para garantir a segurança e evitar danos à Imagem", explica.

Restaurações

Ao longo de dois séculos, a Imagem Original já passou por diversos processos de restauração; alguns realizados em Portugal, nos primórdios da história da devoção. Um episódio curioso citado pelo padre Francisco envolve o retorno da relíquia a Belém após um desses restauros. "O barco que havia transportado a Imagem voltou e, algum tempo depois, naufragou em outra viagem. Mas o bote que a carregou foi o único que se manteve intacto", conta o sacerdote. Esse fato é lembrado em um vitral da Basílica, que retrata a história e o vínculo entre a Imagem e as tradições marítimas do Círio.

A Original também recebeu, no Congresso Eucarístico de 1953, a coroa e o manto que a adornam até hoje, representando sua realeza como "Rainha da Amazônia". Esses adornos, assim como a própria Imagem, passam por restauros periódicos para garantir sua conservação.

Por fim, o Padre Cavalcante orienta que, ao visitar a Basílica de Nazaré, o fiel adote uma postura de reverência e respeito diante da Imagem. "O mais importante é a sua experiência de oração. As fotos são registros maravilhosos, mas não devem impedir que você faça sua oração e coloque sua vida aos pés de Maria", aconselha. Segundo ele, a verdadeira devoção vai além dos registros fotográficos, sendo uma oportunidade para aprofundar a fé e se conectar com a espiritualidade de Nossa Senhora de Nazaré.

Círio 2024