Guardas de Nazaré: novato e veterano falam sobre a experiência de servir à Nossa Senhora
Diferentes gerações compõem o grupo que, atualmente, conta com 2.700 membros voluntários, todos homens
O Círio em Belém conta com a dedicação de homens que, ao longo de cinco décadas, prestam serviços à Guarda de Nossa Senhora de Nazaré (GNSN). Em um encontro de gerações, Walmir Vieira, um dos guardas mais antigos, e Rafael Cardoso, recém-formado na função, compartilham suas percepções e expectativas para o Círio de 2024.
Walmir, 62, é um dos mais veteranos da Guarda de Nazaré, com 45 anos de serviço no grupo. O aposentado começou sua jornada em setembro de 1979, aos 17 anos, quando foi convidado por um amigo.
“Quando eu entrei, havia poucos guardas. O padre Giovanni, fundador da Guarda, pediu para quem tivesse disponibilidade para ajudar. Eu aceitei o convite e estou aqui até hoje", lembra Walmir.
Ao longo das décadas, ele presenciou diversas mudanças na GNSN. Inicialmente, o grupo era pequeno e organizado de maneira mais informal. "No começo, nós mesmos fazíamos tudo, desde a organização das equipes até o treinamento. Com o tempo, a Guarda cresceu, se estruturou e hoje conta com centenas de membros, muitos vindos do interior do estado", explica.
Entre as mudanças mais significativas, Walmir destaca a evolução das funções dos guardas e o aumento no número de voluntários. "Quando comecei, a Guarda não tinha divisão de funções como agora. Hoje, temos supervisores de igreja, de equipe e muitas outras funções bem definidas. Isso melhorou bastante a organização", comenta.
Ele também relembra momentos marcantes de sua longa trajetória, como o incêndio de um estabelecimento no Boulevard Castilhos França, em frente ao Ver-o-Peso, em 2002, que forçou uma mudança inesperada no percurso. "Foi muito triste ver o fogo e a correria para reorganizar tudo. Mas é nessas horas que vemos a importância do nosso trabalho", afirma.
Para os guardas mais novos, Walmir deixa um conselho: "Dedicação é fundamental. Muitos entram na Guarda por empolgação, mas é preciso comprometimento. Estamos aqui para servir e ajudar, e isso exige amor pelo que fazemos".
Rafael, 26, é um dos novos integrantes da Guarda de Nazaré. Ele entrou no grupo este ano, após um processo de formação que começou em março. Para o gerente comercial, fazer parte da Guarda sempre foi um sonho. "É algo que eu desejava há muito tempo, mas entendo que é um chamado de Nossa Senhora. Ela escolhe o momento certo para cada um de nós", relata.
O jovem guarda destaca a importância do processo de formação para entender a dimensão espiritual e comunitária de seu papel. "A formação nos ajuda a fortalecer nossa espiritualidade e compreender a importância da Guarda para a sociedade. Não somos apenas um grupo; somos uma família que serve à comunidade", enfatiza.
Designado para atuar no atrelamento da corda à berlinda durante o Círio deste ano, Rafael fala com entusiasmo sobre a experiência de ser parte dessa tradição.
"É indescritível ser um guarda de Nazaré. A energia, a fé e o compromisso de todos nos fazem sentir que estamos em uma grande família", revela.
Sobre o futuro, Rafael não tem expectativas específicas além de servir. "Não cabe a mim definir meu papel, mas sim à Nossa Senhora. Ela é quem guia nossas funções e determina onde podemos ser mais úteis", conclui.