Guarda de Nazaré: mais de 2.200 homens expressam devoção e amor à Rainha da Amazônia

Grupo foi criado há 49 anos pelo padre italiano Giovanni Incampo

Michel Ribera
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Os Guardas de Nazaré são muito mais que zeladores da imagem de Nossa Senhora. Eles são uma irmandade que, há 49 anos, traz na essência o respeito, amor e devoção pela padroeira do povo paraense.

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O grupo foi criado pelo padre italiano Giovanni Incampo, que veio para o Brasil, inicialmente para morar na cidade de Irituia, no nordeste paraense, mas acabou se mudando para Belém, onde foi nomeado pároco da Basílica de Nazaré, função que exerceu até 1978.

Nas observações de Incampo sobre o Círio, ele percebeu que os homens não eram tão próximos da religiosidade e que, os que ainda se envolviam durante o Círio, na condução da Berlinda, não se comportavam de maneira adequada e respeitosa em tal função. A partir daí, o então pároco, começou a desenvolver o projeto do que hoje vem a ser a Guarda de Nazaré, onde os homens passaram, durante três meses, a receber orientações e formação mariana para desempenhar a missão.

image Grupo voluntário começou com 28 integrantes e hoje possui mais de 2.200 guardas, divididos em nove diretorias (Thiago Gomes / O Liberal)

O grupo voluntário que começou com 28 integrantes, hoje possui mais de 2.200 guardas, divididos em nove diretorias. “A Guarda de Nazaré tem atividades durante todo o ano. São reuniões semanais, espiritualidades, adorações, ações sociais, participação diária nas missas, em procissões, além das campanhas de doação de sangue junto ao Hemopa”, explica o coordenador Renato César Neves.

Ele, que ingressou no grupo em 2010, motivado pela devoção por Nossa Senhora de Nazaré e o desejo de reforçar sua fé, fala que o trabalho desempenhado pode parecer cansativo para quem está do lado de fora, afinal, eles não param, mas a sensação é indescritível. “Além da proteção da imagem santa, nossa missão é evangelizar. Propagar a palavra de Deus e a fé em Maria, que é nossa mãe e a quem podemos recorrer e ter nosso consolo nos momentos de maior aflição”, explica Renato.

Eduardo Salame, que ingressou para a Guarda de Nazaré em 2018, diz que também ficou encantado ao conhecer mais de perto esse trabalho. “Eu nem percebia tanto o serviço da Guarda nas missas, mas em uma determinada celebração, encontrei com meu padrinho que era Guarda de Nazaré e ele contou como funcionava. Meus olhos brilharam e ele me fez o convite. Foi então que fiz a inscrição e o curso preparatório. Foi o melhor ‘sim’ que já dei na vida”, conta Eduardo, que hoje é servidor de igreja, papel que desempenha dentro da Guarda.

image Além da proteção da imagem santa, guardas também têm a missão de evangelizar (Ascom / Guarda de Nazaré)

Nesses cinco anos, Eduardo já vivenciou muitos momentos emocionantes, mas o Círio de 2020 ficará para sempre como o mais emblemático para ele. “Foi o Círio do silêncio, sem aquele mar de gente. Apenas 300 Guardas de Nazaré participaram da única celebração. Nunca irei esquecer desse momento”, recorda Salame.

Sidney Souza também celebra o fato de poder servir à Virgem de Nazaré. Ele conta que o “chamado” aconteceu ainda dentro de outra tarefa que executava no Círio. “Eu trabalhava como evangelizador da corda, quando atentei para a missão dos guardas. Fiquei apaixonado pela forma como se dedicavam. Em 2016, fiz a minha preparação e hoje atuo como diretor-secretário da Guarda de Nazaré”.

Para ele, poder colocar a camisa que tantos homens já usaram ao longo desse tempo é motivo de muito orgulho e honra. Sidney descreve como se estivesse também sendo coberto pelo manto sagrado de Nossa Senhora de Nazaré. “Eu sinto as mãos de nossa mãe me abençoando para mais um dia de missão”, conclui.

TRADIÇÃO FAMILIAR

Aian Nobre também se sente orgulhoso em usar a farda que um dia o pai dele também vestiu. “Quando era criança, sempre o acompanhava nos trabalhos dos quais participava. Vivenciar de perto e ter esse grande exemplo de devoção mariana em casa, me fez querer ingressar na Guarda de Nazaré. Hoje, meu filho e meu sobrinho também seguem esses passos, na guarda mirim. É um orgulho pra mim que eles sigam esse legado”, conta.

image Aian Nobre seguiu os passos do pai e hoje faz parte da Guarda de Nazaré (André Oliveira / O Liberal)

E foi a fé em Maria que amparou Aian no momento de maior aflição. O filho, ainda bebê, estava sufocado e a família entrou em desespero. “Naquele momento, com meu filho nos braços, de olhos fechados, eu ouvi uma voz doce falando que não era pra ter medo, que meu filho ficaria bem. Era Nossa Senhora de Nazaré intercedendo por ele. Ao abrir os olhos, ele já estava bem. Fui para meu quarto e comecei a chorar, mas era um choro de gratidão, porque sei que Nossa Senhora me concedeu a graça de não soltar minha mão nesse momento de angústia. E ela tem feito assim com todo seu povo, sempre”, comemora Aian.

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