MENU

BUSCA

Guarda de Nazaré: 50 anos de proteção e serviço à Nossa Senhora

Padre Giovanni Incampo, um dos fundadores da Guarda, analisa a evolução do grupo ao longo de cinco décadas

Gabriel da Mota

A Guarda de Nossa Senhora de Nazaré (GNSN), que em 2024 celebra o jubileu de 50 anos, foi criada com um propósito claro: proporcionar disciplina, organização e segurança às celebrações do Círio de Nazaré. Em entrevista ao Grupo Liberal, o padre Giovanni Incampo, um dos idealizadores da Guarda, relembra os motivos que levaram à sua fundação e analisa a evolução da instituição com o passar do tempo.

Padre Giovanni chegou ao Pará em 1972, sem conhecer profundamente o Círio. Ao observar o evento pela primeira vez, percebeu a necessidade de uma estrutura mais organizada e disciplinada para acompanhar a procissão e garantir que o evento refletisse dignamente a devoção nazarena.

"Havia uma falta de organização e também de respeito durante a procissão. Era necessário estabelecer um grupo que pudesse disciplinar a multidão e garantir que a fé fosse manifestada de maneira adequada", explica.

Padre Giovanni lembra, ainda, que a presença de soldados do Exército Brasileiro no entorno da berlinda impunha um aspecto militarizado indesejado para a procissão; no entanto, era necessário fazer o resguardo da Imagem em seu relicário.

A partir dessas observações e com o apoio de Nelson Ribeiro, então coordenador da Festa de Nazaré, um experimento do que seria a GNSN foi feito em 1973 com aproximadamente 30 homens. A oficialização veio no ano seguinte, com uma composição de 50 guardas; todos escolhidos por sua fé e compromisso com a disciplina católica. "Esses homens foram treinados não apenas para manter a ordem, mas também para evangelizar através de seu exemplo de vida cristã", destaca o sacerdote.

Ao longo de cinco décadas, a Guarda cresceu significativamente, expandindo suas atividades para além do Círio de Nazaré e se tornando uma presença constante na Basílica de Nazaré durante o ano todo. "Não é só durante a procissão do Círio que a Guarda atua. Hoje, ela está presente em diversas celebrações e eventos da Basílica, sempre mantendo a disciplina e a segurança", ressalta.

Com o tempo, a GNSN evoluiu e incorporou novos elementos, como a Guarda Mirim, destinada a crianças e adolescentes, que são promovidos para a Guarda adulta ao completarem 18 anos, desde que possuam um tempo mínimo de serviço de dois anos e autorização dos coordenadores das duas Guardas. Além disso, mudanças sociais se colocam à frente, como a possibilidade de permitir a entrada de mulheres na Guarda. Até o momento, porém, a organização permanece exclusivamente masculina. "Mantemos a Guarda masculina por uma questão de disciplina e uniformidade, o que facilita a organização e o cumprimento de nossas responsabilidades", defende o padre Giovanni.

A cor amarela do uniforme da Guarda, escolhida para refletir a bandeira do Vaticano, também tem um simbolismo importante. "O amarelo é uma cor de destaque e luminosidade, que representa a luz de Nossa Senhora. É uma cor que chama a atenção e que mantém o foco na procissão e na fé", observa o fundador.

Chegar aos 50 anos é um marco significativo. Para o padre Giovanni, o sentimento é de missão cumprida, mas também de continuidade. "A Guarda é parte integrante do Círio e da comunidade católica. Não é um serviço secundário, mas essencial para a espiritualidade e a organização da procissão", afirma. Ele também destaca a importância da espiritualidade e da formação contínua dos Guardas, para que possam continuar servindo com devoção e respeito.

Para os novos guardas e aqueles que desejam se juntar à instituição, o padre Giovanni deixa uma mensagem de compromisso e fé: "Que cada um que se junta a nós o faça com o coração aberto e com a intenção de servir a Deus e à comunidade. A Guarda é uma oportunidade de crescer espiritualmente e de fazer parte de algo maior que nós mesmos", finaliza.

Círio 2024