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Festa da Chiquita é território de convivência entre gerações; conheça a festa

Evento cultural e político reúne, há 47 anos, gerações em torno da diversidade e da inclusão durante o Círio de Nazaré

Gabriel da Mota

Desde 2004, quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) deu ao Círio de Nazaré o título de Patrimônio Cultural Brasileiro, a Festa da Chiquita é reconhecida como evento integrante da agenda nazarena — ainda que, até hoje, a Igreja Católica não o legitime como tal. Em 2020, outro marco: a Chiquita foi declarada como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Pará (Lei Nº 9.025), reforçando sua importância para a história LGBTQIA+ de Belém. Títulos à parte, desde suas origens como um bloco de carnaval, nos anos de 1970, até os dias atuais, a Festa se consolidou como um espaço de celebração, resistência e diversidade, atravessando gerações há 47 anos.

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O evento começou como algo "doméstico, entre amigos", mas rapidamente se transformou em uma manifestação popular que desafiava preconceitos e abraçava a diversidade na Praça da República, em pleno centro de Belém.

“Na hora que você tem essa garantia [do IPHAN], é uma carta de alforria”, afirma Elói.

Apesar desse reconhecimento, ele aponta que ainda há uma longa jornada pela frente, especialmente em um país onde “o preconceito de classe” e a marginalização de minorias persistem. Realizada no sábado logo após a passagem da Trasladação pela avenida Presidente Vargas, a Chiquita é um espaço de encontro e diálogo: “A política que é feita na Chiquita é um pouco diferente da política das paradas. Nós fazemos política com alegria, e a Chiquita é a garantia desse território de convivência e encontro”, pontua o coordenador.

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O publicitário Hugo Tomkiwitz, 35, faz parte de uma geração que cresceu admirando a Chiquita e, hoje, trabalha diretamente na organização do evento. Ele descreve a importância pessoal da festa: “A Chiquita me trouxe força, conhecimento, me fez transcender um pouco minha essência para descobrir quem eu sou hoje”.

Com o passar dos anos, a Festa da Chiquita se profissionalizou e ampliou seu alcance. Hugo relembra que, quando começou a frequentar a Chiquita, as drags eram vistas de forma marginalizada. Hoje, elas ocupam um lugar de destaque, com figurinos luxuosos e shows que atraem grande público. “As drags de hoje já chegam bem posicionadas, com todo esse brilho e glamour que as outras, que passaram por muitas dificuldades, não tiveram”, analisa Hugo.

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