Exposição com desenhos de crianças dos Capuchinhos homenageia manto de Nossa Senhora de Nazaré
O desenho mais votado vai estampar o manto iluminado que representa a promessa do eletricista Harley Alberto Silva, de Belém
O que começou como um gesto para cumprir uma promessa feita pelo eletricista Harley Alberto Silva em intercessão pela saúde da filha – confeccionar, todos os anos, um manto iluminado de uma réplica da imagem de Nossa Senhora de Nazaré durante o Círio – se transformou na exposição “Mantos para Nazinha, rainha da Amazônia”, na Paróquia São Francisco de Assis (Igreja dos Capuchinhos), em Belém. A programação foi realizada no sábado (14/9), com a mostra de 17 desenhos criados por crianças e adolescentes da paróquia, que usaram abordagens sobre temas amazônicos. E terminou com uma votação para escolher o melhor desenho, que estampará o manto iluminado que acompanhará Harley na procissão deste ano.
O desenho escolhido foi feito por Vitor Rayol Lima, de 8 anos, que trouxe o dourado como fundo e tendo um anjo e uma cruz ao lado de Nossa Senhora. Além de elementos de coroas, flores e azulejos portugueses.
A votação foi definida no final da tarde do sábado, de forma online e presencial. “Eu procurei a coordenadora e procurei a professora [do projeto]. E, na mesma hora, elas aceitaram a proposta: de que as crianças desenhassem um manto para que pudessem colocar numa exposição onde as pessoas pudessem votar [o melhor]”, detalha Harley.
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Por trás da exposição existe uma história de devoção que começou há 11 anos. Aos 2 anos, a filha de Harley, Ana Clara, que hoje tem 9, teve uma convulsão devido a um quadro de amigdalite grave, no meio do trânsito, durante uma sexta-feira, em meio à procissão do Traslado para Ananindeua. Em meio ao desesespero, Alberto conseguiu levar a filha ao hospital e, após o atendimento, decidiu fazer uma promessa: se a filha não tivesse mais convulsões, ele levaria uma imagem iluminada de Nossa Senhora na procissão do sábado seguinte. E assim aconteceu.
Os trabalhos expostos são produções dos alunos de desenho envolvidos no projeto Multidisciplinar Capuchinhos (PMDC), da Paróquia São Francisco de Assis. “Neste ano, a minha promessa está se transformando em uma obra-prima, em uma criação e em uma arte com as crianças dos Capuchinhos. Participei de uma primeira exposição e vi alguns desenhos dessas crianças. Isso me chamou a atenção. Era tudo que eu queria trazer esse ano para o manto: pinturas amazônicas, os rios e ribeirinhos. Tudo que nós vamos falar neste ano na COP-30”, explica Harley.
Devoção
Para os organizadores da exposição, a participação das crianças nesse processo também é uma forma de propagar a fé e devoção em Nossa Senhora de Nazaré. As obras produzidas pelos pequenos, que têm entre 6 e 15 anos, levaram cerca de dois meses para serem finalizadas, como relata a professora de desenho Dynabia Bitencourt. “Colocamos imagens de referência para que eles observassem, analisassem e tivessem ideias. Vivenciamos momentos de oração e de orientação sobre a fé e a cultura, para que pudéssemos conceituar e criar este projeto”, relata.
“Na exposição, apresentamos os desenhos em quadros no tamanho A3, coloridos e em aquarela. Alguns têm canetinha, outros estão em nanquim. Misturamos um pouco das técnicas. Quando terminarmos este projeto, ou seja, após a conclusão da votação, ele será produzido. Temos um protótipo, que será transformado em um manto. Isso proporciona às crianças uma experiência muito bonita. Tentamos resgatar uma cultura de fé com esse projeto. Foi um processo muito divertido, tanto para mim quanto para eles [os estudantes]”, completa.
Juntando elementos regionais no desenho produzido, como a bandeira do Pará, além de figuras religiosas, a estudante Melissa Pantoja, de 14 anos, não poupou na criatividade e nas cores ao traduzir a festa maior dos paraenses. Para ela, essa foi uma experiência bastante construtiva e conta que sempre gostou desse meio artístico. “Eu sempre gostei muito de desenhar. Eu pensei em vários detalhes em que eu pudesse colocar para representar muito bem o Círio de Nazaré. Eu sempre quis ser reconhecida desse jeito pelo meu trabalho”, comenta a jovem.
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