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De moto, farmacêutica paga promessa distribuindo imagens de Nossa Senhora de Nazaré

Todo ano, Hirlene Reis Brabo, 49 anos, acompanhada do marido, distribui 10 santinhas em Belém e Ananindeua

Dilson Pimentel

Para pagar uma promessa, todos os anos a farmacêutica Hirlene Reis Brabo, 49 anos, distribui dez imagens de Nossa Senhora de Nazaré na semana que antecede o Círio de Nazaré. Ela faz isso em sua motocicleta, que é conduzida pelo marido, o vigilante Mauro Brabo, 52 anos. Hirlene distribui as santinhas, que ela mesma confecciona, em Ananindeua, onde mora, e em Belém. A maior das imagens é distribuída, no sábado, na Trasladação, véspera da grande procissão.

A primeira imagem deste ano foi distribuída, na manhã desta segunda-feira (7), em Ananindeua, e a ação foi acompanhada pelo Grupo Liberal. Hirlene começou em 2018, distribuindo apenas uma imagem. “No final da Motorromaria, lá na frente do Colégio Gentil, eu retirava a imagem da moto e aquela pessoa que passasse na hora, e que meu coração pedisse pra eu dar, eu dava a imagem”, contou. Mas aí veio a pandemia (em 2020) e ela teve que refazer sua promessa.

Foi aí que Hirlene teve a ideia de fazer várias imagens e colocá-las em alguns lugares. Pode ser um estabelecimento comercial ou uma residência. Ela deixa a imagem, o Livro das Peregrinações 2024 e um bilhete, que diz: “Se você quer alcançar uma graça, pegue a imagem e leve para sua casa. Feliz Círio. Gratidão a Deus”. A farmacêutica não assina a mensagem, pois prefere ficar no anonimato. “Aquele local que o meu coração diz para eu parar, eu paro e deixo. Já deixei em supermercado, rua, panificadora”, contou.

“A primeira imagem que eu distribuí, na verdade, o meu marido levou. Nesse dia que ele ia trabalhar, ele precisava ir cedo na minha moto. Ele deixou lá na frente de um prédio e foi embora trabalhar e deixou a mensagem. No outro dia eu fui lá levá-lo, e um rapaz me chamou. ‘Foi você que deixou a imagem? Fui eu que peguei. Olha, muito obrigado, eu precisava mesmo daquela imagem para receber uma bênção’. E assim foi”, contou.

Passada a pandemia, ela colocou mais uma imagem, que ela chama hoje de principal. “A minha promessa, que até então era só da Motorromaria, eu transformei e permaneci. Nove imagens eu ponho em locais diferentes e essa eu levo no dia da Trasladação deixo lá em cima da minha moto, com a mensagem, contando a minha, a minha história, a minha promessa no qual eu fiz. E a entrego para alguém”, contou.

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“Eu digo que não tenho uma promessa que eu já pedi que eu não fui atendida. Todas que eu peço, graças a Deus, eu sou atendida”, afirmou. Hirlene Reis contou sobre o problema de saúde de sua mãe, o que resultou na promessa de distribuir imagens de Nossa Senhora de Nazaré, a padroeira dos paraenses. Sua mãe teve câncer. “O médico chamou eu e meu marido e disse: ‘olha, se ela conseguir sair da sala de cirurgia com vida, ela não vai mais andar. Ela vai usar uma bolsa”, contou.

“De 7 da manhã até 5 horas da tarde, horário em que ela saiu da sala de cirurgia, eu e meu marido ficamos em oração na porta da UTI. O médico disse que, se ela saísse com vida, ainda iria para a UTI”. “E lá nós ficamos. Inclusive, eu tenho essa tatuagem aqui (ombro esquerdo), que simboliza eu e meu marido na fé, que são os dois passarinhos. O Espírito Santo”, disse. “E, aí, eu pedi para a Nossa Senhora de Nazaré que desse a cura da minha mãe, que eu ia pagar minha promessa”, lembrou.

E aí, nesse momento, começou outra história. “Porque, como eu tive que ficar com a minha mãe (Maria Antônia, 68 anos), eu sou filha única, acabei perdendo meu emprego. Eu trabalhava numa rede de farmácia, onde era operadora de caixa, e perdi meu emprego. E aí foi pior um pouco porque, lá, eles pagavam 50% do valor da minha faculdade, que eu já estava estudando Farmácia, e eu pagava 50%. E, por eu ter saído, o negócio apertou. E aí eu pensei em desistir. Eu disse: ‘meu Deus, agora eu vou ter que parar a minha faculdade, eu não vou conseguir mais’”, conotu Hirlene. Ela pediu pela saúde de sua mãe e para poder concluir o curso.

“E foi aí que Nossa Senhora de Nazaré realmente escutou minhas preces. A minha mãe não foi para a UTI, a minha mãe não usou bolsa. A minha mãe anda até demais (rs) e eu sou muito agraciada pelas bênçãos que eu recebo de Nossa Senhora de Nazaré, porque sei que ela intercede junto a seu filho Jesus. E eu me formei. Graças a Deus, tenho meu emprego, sou farmacêutica e as bênçãos de Nossa Senhora de Nazaré não têm explicação”, contou. Distribuir as santinhas representa gratidão para Hirlene. “Isso é o mínimo que eu posso retribuir por todas as graças que eu alcanço. É um dinheiro que eu gasto com amor. Eu deixo de comprar qualquer coisa para eu poder fazer a minha promessa”, afirmou.

 

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