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Conheça a devoção por trás do ofício de quem trabalha no parque do Arraial de Nazaré

Nos bastidores da tradição de três décadas, existe suor e muita fé em Nossa Senhora

Gabriel da Mota

O Arraial de Nazaré é uma das tradições mais aguardadas durante o Círio em Belém, reunindo gerações de paraenses e visitantes em torno de brinquedos, comidas e uma atmosfera festiva. Por trás das luzes coloridas e da diversão, há histórias de trabalho árduo e dedicação que se entrelaçam com a fé. Para trabalhadores do parque de diversões, o Arraial é também uma oportunidade de renovação espiritual para eles próprios que, ano após ano, ajudam a torná-lo possível.

Elielson Carvalho, 52, é paraense de nascença, mas há 21 anos mora em Foz do Iguaçu, no Paraná. Ele trabalha como montador e operador da roda-gigante no Ita Center Park e, todo ano, volta à capital paraense para participar da montagem do Arraial de Nazaré, mas também para viver sua própria devoção à Nossa Senhora.

“Eu venho acompanhar a chegada da Santa. São duas emoções, né? Ver a chegada dela e trabalhar aqui. No momento em que tudo está pronto, a alegria já começa pra mim”, relata.

O trabalho, apesar de rotineiro, tem um significado especial quando acontece durante o Círio. “Eu faço minha revisão todos os dias, checo tudo, porque a segurança é o mais importante. Mas, para mim, só de ouvir as pessoas se divertindo no parque já me sinto bem, já me divirto também”, compartilha Elielson, que mantém a tradição de assistir à passagem da Romaria Fluvial, assim como fazia com a mãe, falecida em 1994: “Naquele dia, eu me arrepio e me emociono”, acrescenta.

Para o proprietário do parque, Ilson Alves Moreira, 78, a devoção a Nossa Senhora de Nazaré é o principal motivo para a vinda anual do parque a Belém há 33 anos. “Minha esposa é muito devota de Nossa Senhora de Nazaré, e todos os anos ela acompanha as procissões. Eu, por problemas de saúde, não posso mais ir, mas ela vai, com as meninas, e participa ativamente. A gente tem muita fé nela. Nós entregamos o parque nas mãos de Nossa Senhora e nunca tivemos um acidente grave aqui, sempre somos bem assistidos por ela”, afirma o goiano que se afeiçoou ao Círio paraense desde que começou a trazer a estrutura para Belém.

Com a proximidade da construção de um novo Santuário no estacionamento da Basílica, espaço onde fica o Arraial de Nazaré, o futuro do parque ainda é incerto. No entanto, Ilson está confiante de que os brinquedos continuarão fazendo parte da tradição. “Estamos sempre trazendo novidades, e enquanto Deus permitir, e Nossa Senhora nos guiar, continuaremos aqui, ano após ano, participando desse momento tão especial para Belém e para o Brasil”, finaliza.

Círio 2024