Cobra grande vai acordar? Conheça a lenda da cobra que ‘mora em baixo de Belém’
Lenda da enorme cobra que repousa debaixo da cidade de Belém também tem ligação com o Círio de Nazaré
Já ouviu falar sobre uma gigantesca cobra adormecida sob a cidade de Belém? A lenda da Cobra Grande é uma das histórias mais conhecidas pelos amazônidas e carrega em seu enredo um misto de temor e fascínio. Embora existam várias versões dessa narrativa popular, há uma que se entrelaça diretamente com o Círio de Nazaré, uma das maiores manifestações religiosas do Brasil.
Também conhecida como "boiúna", a lenda diz que uma enorme cobra repousa debaixo da cidade de Belém, especificamente entre os bairros da Cidade Velha e Nazaré. A cabeça da serpente estaria na Catedral da Sé, e seu corpo, estendendo-se pelos subterrâneos, alcançaria a Basílica Santuário, onde fica a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Segundo a crença, caso essa cobra desperte, Belém afundaria nas águas do rio.
A lenda tem gerado especulações e, especialmente durante a pandemia de 2020, ganhou mais força. Com a suspensão das tradicionais procissões do Círio, a história de que a cobra poderia acordar caso o evento religioso não acontecesse começou a circular.
Algumas pessoas acreditam, inclusive, que a corda da procissão representaria a própria cobra, e o ato dos fiéis, ao segurá-la e seguir o trajeto, seria uma forma de manter a serpente "calma", renovando o encantamento que a mantém adormecida.
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A lenda e o misticismo
A Amazônia é berço de incontáveis mitos, sempre cercados pelos elementos da natureza, especialmente as águas dos rios que cercam a região. A lenda da cobra grande, passada de geração em geração, ecoa pelos séculos e atravessa fronteiras entre Pará, Tocantins, Roraima e outros estados.
Além de sua ligação com o Círio, a cobra grande aparece em narrativas da pajelança cabocla, prática espiritual tradicional da região. Nas histórias, ela é tida como um ser místico, semelhante a outras figuras lendárias amazônicas, como o boto e a Matinta Pereira.
Na década de 1970, relatos de um tremor de terra em Belém reacenderam a crença popular de que a cobra havia se mexido. Para os mais supersticiosos, esses tremores são sinais de que a serpente, ainda que adormecida, pode estar prestes a despertar.
A cobra grande e a crença popular
Entre as inúmeras versões da lenda, uma das mais intrigantes sugere que a cidade de Belém foi fundada sobre o ninho da boiúna. E, para impedir que a serpente se movesse, foram construídas, em locais estratégicos, a Catedral da Sé e a Basílica de Nazaré. Enquanto a cabeça repousa na Sé, o corpo da cobra estende-se até a Basílica.
Além de sua ligação com o Círio, o réptil gigante também teria desempenhado um papel fundamental na formação dos rios amazônicos. Segundo a lenda, ao se mover pela terra, a cobra deixava sulcos gigantescos por onde passava, e esses sulcos, ao longo do tempo, teriam se transformado em rios. Para os ribeirinhos de algumas regiões, a cobra grande é uma figura mítica que explica a grandiosidade das águas que cercam as cidades.
*(Hannah Franco, estagiária de jornalismo, sob supervisão Felipe Saraiva, editor web de OLiberal.com)
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