Carros das promessas transportam a representação material de muitas graças alcançadas

Para receber objetos trazidos pelos romeiros, 14 carros são destinados especialmente para a função

Michel Ribera
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Todos os anos, o segundo domingo de outubro é a data onde milhares de devotos de Nossa Senhora de Nazaré têm o momento mais aguardado, o de reencontrar a padroeira do povo paraense para pedir e também agradecer por tudo conquistado até ali. A representação material dessas graças alcançadas são as promessas.

“A promessa é um dos fundamentos do Círio, tanto no de Nazaré, em Portugal, quanto no de Belém. Os devotos costumam pagar a promessa carregando ao longo da procissão objetos que representam a graça alcançada. Esses objetos são chamados de ex-votos”, explica o historiador Márcio Couto Henrique, professor da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará (UFPA), que pesquisa o Círio desde 1997.

image Os carros simbolizam preces alcançadas e que estão sendo pagas durante a procissão (Ary Souza / O Liberal)

Para receber todos esses objetos, trazidos pelos romeiros, 14 carros são destinados especialmente para essa função. Segundo o professor, os registros históricos do primeiro carro de promessas datam de 1805, quando surgiu o Carro dos Milagres. “O Carro dos Milagres representa o milagre ocorrido com Dom Fuas Roupinho, na cidade de Nazaré, em Portugal, no século XII. Ao longo do tempo, outros carros foram sendo introduzidos na procissão do Círio de Nazaré de Belém, a exemplo do carro do Brigue São João Batista, criado em 1855, em memória de outro milagre, em que 12 tripulantes paraenses em viagem de Belém para Lisboa se salvaram de um naufrágio, após interceder pela ajuda de Nossa Senhora de Nazaré”, explica.

Desde então, todos os carros de promessas receberam nomes de acordo com a ordem na procissão. São eles: o Carro de Plácido, Barca dos Escoteiros, Barca Nova, Cesto de Promessas, Barca com Velas, Barca Portuguesa, Barca com Remos, carro Dom Fuas, carro da Santíssima Trindade e quatro carros dos Anjos. O mais recente a integrar esse cortejo é o Carro da Saúde, criado em 2021, para homenagear a todos os profissionais que se dedicaram a salvar vidas durante o período da pandemia de covid-19.

image Carro da Saúde faz uma homenagem aos profissionais que trabalharam durante o período da covid-19 (Thiago Gomes / O Liberal)

Bênção de Maria

Desde 2013, a administradora Ana Cláudia Vasconcelos vai ao Círio entregar as promessas simbolizadas através de objetos de cera. No caso dela, a peça representa seu maior desejo, ou milagre, como ela costuma chamar. “Foi naquele ano que Maria me deu a graça de engravidar e ser mãe da Luiza. Por isso, prometi que, como gratidão por essa honra e pela saúde dela, sempre iria entregar minha promessa no Carro dos Milagres”, explica.

image Ana Cláudia entrega o bebê de cera no Carro dos Milagres, como sinal de agradecimento pelo nascimento da filha (André Oliveira / O Liberal)

Ana Claudia conta que enfrentou algumas complicações durante a gestação. Mas sempre se apegou com a padroeira dos paraenses para que tudo desse certo. “Ao entregar minha promessa, o sentimento é de dever cumprido. Por mais um ano, Nossa Senhora me ajudou diariamente a ser forte, guiando meus caminhos, me iluminando para que eu possa saber falar, ouvir, educar, olhar e ter atitudes corretas com minha filha”, diz a devota, que semanas antes da procissão do Círio, já garante o objeto de cera que vai acompanhá-la. A peça também é levada para a Basílica para ser abençoada durante a missa. 

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