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Basílica Santuário: ponto de encontro com Nossa Senhora no Círio de Nazaré

Pároco de Nazaré fala sobre a centralidade, importância e detalhes pouco percebidos do local do achado da Imagem Original

Gabriel da Mota

Mais do que um templo religioso, a Basílica Santuário é o coração do Círio de Nazaré: além de ser o ponto de chegada da grande procissão, sedia eventos tradicionais do calendário nazareno, como a Apresentação do Manto e as cerimônias de Descida e Subida da Imagem. Em entrevista ao Grupo Liberal, o pároco da Basílica, padre Francisco Maria Cavalcante falou sobre os desafios de liderar a igreja durante o evento, a importância histórica e espiritual da Basílica e os detalhes menos conhecidos que enriquecem a devoção à Virgem de Nazaré.

Segundo o padre Cavalcante, liderar a Basílica durante o Círio é uma missão desafiadora, principalmente devido à enorme quantidade de fiéis que chegam à cidade nesse período.

“A missão da Basílica, como um todo, é grandiosa. Envolve multidões de pessoas que estão [durante o ano todo] e que vêm esporadicamente, como na época do Círio. Porém, apesar do desafio, nós sempre contamos com pessoas muito comprometidas, sensatas, que nos ajudam a conduzir o Círio de Nazaré. Concentrar essa multidão de pessoas em um final de semana, fazendo com que a coisa flua da forma mais natural possível e as pessoas tenham a oportunidade de expressar a sua devoção, é um grande milagre”, resumiu.

Há cinco anos à frente da Basílica, o padre lembrou os desafios impostos pela pandemia de COVID-19, quando o Círio teve que ser realizado sem as tradicionais procissões pelas ruas de Belém. “Nós temos um padre, em nossa comunidade, que tem 92 anos de idade. Ele disse que nem a guerra que ele viveu se compara à experiência vivida no Círio da pandemia. Foi uma vivência única. Entretanto, descobrimos que o Círio vai além da procissão: na sua essência, é manifestação de fé, confiança e devoção à Virgem de Nazaré”, afirmou. 

Padre Cavalcante também relembrou a origem do Círio de Nazaré em Belém, em 1793, quando o então governador do Grão-Pará, Francisco Maurício de Souza Coutinho, gravemente enfermo, fez uma promessa à Virgem de Nazaré, pedindo sua cura. Em agradecimento pela graça recebida, ele organizou uma procissão, e a tradição foi se consolidando ao longo dos séculos. "Aquele sujeito, Francisco, teve fé, devoção mariana e esperança de ficar curado. Se na minha experiência de Círio tiver esses três elementos, então estou vivendo a essência primeira do Círio, que até hoje perdura com tantas histórias. Muda o endereço, os personagens; entretanto, as graças e motivações permanecem ancoradas na mesma essência”, explicou o pároco da Basílica.

O padre também destacou a riqueza histórica e cultural da Basílica de Nazaré, cheia de surpresas a cada vez que se olha com mais atenção. Ele mencionou, por exemplo, os vitrais do presbitério, que retratam a história da devoção à Virgem de Nazaré, desde sua chegada à Espanha até a construção das primeiras capelas no local do achado da Imagem Original. 

Outro detalhe que surpreende muitos visitantes é a influência europeia no design da Basílica, especialmente a presença de elementos franceses e italianos. Isso se deve à atuação de padres franceses nos primeiros anos de construção do templo. “[A Basílica] acaba sendo um encontro de culturas, da europeia com a local. Conta um pouco da história de quem estava à frente e do povo”, explicou o padre Cavalcante.

Para o sacerdote, o Círio de Nazaré tem um significado especial em sua vida pessoal e religiosa. “Para mim, o Círio é a oportunidade de repousar no colo de Nossa Senhora. Se você observa a imagem, de um lado, tem Jesus Cristo que traz o mundo. Do outro lado, o colo de Nossa Senhora está vazio. Esse espaço é nosso. Isso é repousar no colo de Maria, esse abraço de mãe que te ressuscita, te fortalece e te faz olhar a vida com otimismo”, concluiu.

A cobertura do Círio 2024 em O Liberal tem o apoio do Instituto Cultural Vale e o patrocínio da Bet.Bet.


Círio 2024