Caso Faustão: Entenda como funciona o transplante de coração
Apresentador está na fila do SUS com prioridade para receber transplante cardíaco
Fausto Silva, 73 anos, enfrenta uma batalha contra a insuficiência cardíaca e aguarda na fila de transplante de coração do Sistema Único de Saúde (SUS). Com a notícia sobre o atual estado de saúde do apresentador, também surgiram dúvidas sobre o processo de doação e transplante de órgãos no país.
A inclusão de Faustão na fila de transplantes organizada pelo SUS segue critérios de prioridades. São levados em consideração a gravidade do estado de saúde do paciente, internação e a necessidade de medicação, como é o caso dele.
O termo "transplante cardíaco" ainda deixa muita gente apreensiva e curiosa. Surgem questões como: Como funciona a doação? O que acontece com o corpo do doador? Como é a cirurgia? E como funciona a fila de transplantes e quem tem prioridade?
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Como funciona a doação?
A doação de coração é um processo complexo e sensível que pode salvar vidas de pacientes em estado crítico. O procedimento só ocorre com base na autorização da família de uma pessoa com morte encefálica, ou seja, irreversível.
Além do coração, outros órgãos também podem ser doados, como pulmões, fígado, rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas. Um único doador falecido tem o potencial de salvar mais de oito vidas.
No Brasil, o procedimento de doação ainda tem muitos obstáculos, principalmente a decisão da família do doador, que precisa autorizar o procedimento. O índice de rejeição à doação de órgãos no país tem sido alto, atingindo 43% de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Após a autorização, são realizados exames de sangue para verificar a presença de anticorpos do HIV, hepatite B e C, HTLV, sífilis, doença de Chagas, citomegalovírus e toxoplasmose. Esses exames são cruciais para evitar a transmissão de doenças ao receptor. Depois, o doador é levado para fazer a cirurgia de retirado de órgãos.
O que acontece com o corpo do doador?
É importante esclarecer que a ideia de desfiguração do corpo após a doação de órgãos é um mito. A doação de órgãos após o falecimento não resulta em mutilações, e o corpo do doador é tratado com respeito e cuidado durante todo o processo.
A informação de que o corpo sofre danos severos ou violações após a doação é falsa e os médicos preservam a dignidade e aparência física do doador. Após a retirada dos órgãos, o corpo é submetido a procedimentos que garantem o mais próximo possível de sua aparência natural para o velório.
Como é a cirurgia?
Para o transplante, é necessário desviar o fluxo sanguíneo do coração doente do paciente para uma máquina de circulação extracorpórea, que mantém o fluxo sanguíneo durante a cirurgia. Isso permite que os cirurgiões trabalhem com mais clareza e segurança.
Em seguida, o coração saudável do doador é posicionado e suturado no lugar do coração do paciente. Cada vaso sanguíneo é conectado com cuidado para garantir o fluxo de sangue pelo novo coração e assumir as funções vitais de bombeamento.
Após o procedimento, o paciente é fica sob observação médica que avalia a resposta do corpo ao novo órgão. Esse processo de avaliação dura aproximadamente 15 dias.
Assim como qualquer cirurgia, o transplante de coração apresenta riscos, porém, é realizado um rigoroso processo de avaliação pré-operatória para garantir que ocorra de maneira segura para ambas as partes.
Como é a fila de transplantes e quem tem prioridade?
A fila de transplantes de órgãos no Brasil é uma estrutura organizada para garantir que a doação seja feita de forma justa. Independentemente de serem custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou por planos de saúde privados, todos devem respeitar as regras do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
O primeiro passo para entrar na fila de transplantes é que o médico responsável pelo paciente o cadastre na lista única de transplantes, que é gerida pela Secretaria Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde. A lista funciona em ordem cronológica de cadastro, ou seja, os pacientes também são priorizados de acordo com a ordem de chegada.
A prioridade na lista de espera é determinada por uma série de critérios médicos, como a gravidade da doença, a compatibilidade genética e o tipo sanguíneo.
Além disso, a localização geográfica também é considerada, já que é o tempo que o órgão permanece fora do corpo é um fator crítico. Isso pode determinar se o transporte será feito por carro ou avião, com os custos sendo arcados pelo SUS.
Pacientes que receberam um órgão que não funcionou como esperado, que utilizam dispositivos mecânicos para auxiliar a circulação ou que estão internados recebendo medicação há menos de seis meses, como é o caso de Faustão, também são priorizados.
*(Hannah Franco, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editor web de OLiberal.com)
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