MENU

BUSCA

Quem são as princesas turcas que estão presentes no samba-enredo da Grande Rio?; conheça

As 'caboclas' estão presentes nos cultos do Tambor de Mina. Atualmente o terreiro mais antigo em atividade está em Belém

Bruna Dias

Para imergir no universo “parawara”, a Grande Rio veio beber na fonte da cultura local. Com um enredo que destrincha a história, com destaque para a religião afroamazônica, a agremiação vai mostrar no sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, os encantamentos do Tambor de Mina.

Para se aprofundar no samba-enredo da Grande Rio, o Grupo Liberal vai realizar uma série que explica alguns detalhes da letra dos compositores da Deixa Falar: Mestre Damasceno, Ailson Picanço, Davidson Jaime, Tay Coelho e Marcelo Moraes.

VEJA MAIS

Com enredo sobre o Pará, Grande Rio faz seu último ensaio de rua
A escola de samba realiza seu último ensaio de rua antes do desfile oficial no Carnaval 2025

Paolla Oliveira anuncia despedida do Carnaval: ‘O coração tá pequeno e a emoção, gigante’
Em uma publicação nas redes sociais, ela revelou a despedida com um tom emocionado e de gratidão

Grande Rio anuncia ingressos gratuitos para paraenses assistirem desfile na Sapucaí; entenda
Os paraenses que residem no Rio de Janeiro poderão se cadastrar para garantir seu ingresso

Nas duas últimas frases do samba-enredo, os compositores destacam a importância das princesas turcas: “Chama Jarina, Herondina e Mariana. Grande Rio firma o samba no Tambor de Mina!”. No desfile do próximo dia 4 de março, elas serão representadas pelas paraenses Naieme, Dira Paes e Fafá de Belém, respectivamente.


As caboclas citadas no samba-enredo são ligadas às águas e matas paraenses, com uma história que começa com o exílio da Turquia até o momento em que encantaram. Jarina é a mais jovem das turcas, e está associada à jiboia e a borboleta azul; Herondina é a irmã do meio, que se transforma em onça; e Mariana é a primogênita, a arara cantadeira. As três são caboclas associadas a poderes de cura.

“O carnavalesco entrou em contato comigo e explicou sobre como seria o enredo da Grande Rio. Depois, eles vieram para Belém, tentamos um primeiro encontro, mas não deu certo. Ele, junto com a equipe da escola, queria participar de uma festividade no terreiro, para que eles pudessem fazer vídeos e fotos”, contou a Mãe Eloisa, responsável pelo Terreiro de Mina Dois Irmãos.

Localizado no bairro do Guamá, o espaço vai completar 135 anos e é o templo afrorreligioso mais antigo em funcionamento no Pará e na Amazônia. Fundado em 1890, em 2010 ele se tornou Patrimônio Histórico Artístico e Cultural pelo Governo Estado do Pará. “No fim de semana, nós tocamos para Ogum, eles vieram na nossa casa à noite, assistiram ao ritual, filmaram, fotografam, gravaram as doutrinas, a gente cantando. E nesse dia estavam as três turcas encantadas. Estava a minha mãe Herondina, a Dona Jarina e a Dona Mariana. Eles tiveram a oportunidade de conversar com elas, foi uma troca muito legal. Depois eles ficaram mantendo contato conosco. Sempre que eles vinham a Belém, passavam pelo terreiro. Mas quem vem mais aqui é o Evandro Malandro (intérprete da Grande Rio), porque ele está muito aqui por conta da Deixa Falar”, confidencia.

Rainha das Rainhas 2024 vai desfilar pela Grande Rio no Carnaval

Carnaval 2025: Veja as celebridades que vão estrear na Marquês de Sapucaí
Várias personalidades já estão compartilhando vídeos em que mostram a preparação para o grande dia na Passarela do Samba

Os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora são os responsáveis pelo enredo da agremiação. Eles propõem um mergulho nas águas amazônicas e uma jornada mística que mistura palácios, pajelanças, incensos, igarapés, encantarias e terreiros de Tambor de Mina.

A Mãe Eloisa conta que essa conexão com os carnavalescos permanece e eles estão em contato frequente para tirar dúvidas com a religiosa. Inclusive, ela foi convidada pela Grande Rio para estar presente no desfile: “Agora vou ter a oportunidade de desfilar”.

Depois desse primeiro encontro, que ocorreu em abril, em setembro ocorreu a primeira etapa da disputa do samba-enredo da agremiação em Belém, com a presença de membros da escola carioca. “Na véspera do concurso, a Paolla Oliveira (rainha da bateria) veio ao terreiro. Ela conheceu a casa, me conheceu, nós conversamos. Ela é extremamente maravilhosa, uma mulher tão linda, simples e famosa. De uma generosidade”, contou.

Além das princesas turcas, o samba-enredo ainda destaca a presença da Cabocla Jurema, fazendo referência a música de Dona Onete que fala sobre as “quatro contas”, que são essas quatro entidades. Nas frases “Quatro contas, um cocar!” e “E foi assim... Suas ‘espadas’ têm as ervas da Jurema” faz menção à cabocla. A Grande Rio ainda não divulgou quem irá representar a Jurema.

“As quatro contas são a Dona Jurema, que é a mais velha de Jurema. Tem também a Dona Herondina, Jarina e Mariana. Elas representam a encantaria da Jurema. Elas são maravilhosas. Essas cabocas trabalham muito. Achei muito bonito o enredo deles falarem da nossa afroreligiosidade. É tanto preconceito, e hoje a gente vai ver na passarela do  samba, no Rio de Janeiro, falarem das nossas belas turcas”, comemora.

Carnaval