Carnaval de Belém 2025: escolas de samba entram na reta final dos preparativos para o grande desfile
Aldeia Amazônica se prepara para receber o Desfile das Escolas de Samba de Belém, que acontece na sexta-feira (14) e no sábado (15)

A contagem regressiva para o grande desfile oficial do Carnaval de Belém 2025 já começou, e a Aldeia Amazônica David Miguel, localizada no bairro da Pedreira, está nos últimos preparativos. As agremiações farão suas apresentações na sexta-feira (14) e no sábado (15), a partir das 21h, prometendo emocionar o público com um espetáculo de cores, ritmos e enredos grandiosos.
O Grupo Especial das escolas de samba de Belém conta com nove agremiações: Bole Bole, Piratas da Batucada, Quem São Eles, Acadêmicos de Samba da Pedreira, Boêmios da Vila Famosa, Embaixada do Império Pedreirense, Deixa Falar, Rancho Não Posso Me Amofiná e Mocidade Olariense. Todas elas são vinculadas à Escolas de Samba Associadas (ESA), entidade que organiza e coordena os desfiles.
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Preparativos finais
O presidente da ESA, Fernando Guga, destaca que os preparativos para o desfile começam ainda no fim do carnaval anterior. "É uma construção lenta, anual, que envolve muitas pessoas. O desfile é o grande dia, o resultado de todo esse trabalho", afirmou. Ele também revelou que, conforme a data se aproxima, a tensão aumenta. "A aproximação do grande dia faz com que a gente fique com os nervos à flor da pele, as emoções afloradas", afirmou.
Nesta reta final, a atenção está voltada à finalização das alegorias e fantasias. "Estamos no momento crucial da construção do enredo. Essa fase é mais lenta, mais cara e requer muitos recursos. Então, nesse momento, a maioria das escolas está no acabamento dos carros alegóricos, por exemplo", explicou Guga.
As escolas de samba também realizaram ensaios técnicos na passarela da Aldeia Cabana. Esses ensaios são fundamentais para ajustes finais de evolução e harmonia. "Esse é o momento em que mais profissionais estão envolvidos dentro dos barracões. É uma verdadeira correria, muitas noites sem dormir, muito café para segurar o sono, mas também muita vontade de entrar na avenida e ser campeão", concluiu o presidente da ESA.
Enredos amazônicos
Com a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) marcada para acontecer em novembro, em Belém, a Amazônia será destaque nos desfiles das escolas do Grupo Especial. "Criamos esse tema para contemplar a COP 30. Os debates oficiais vão acontecer no evento, mas a gente já carnavaliza a ideia e apresenta nossas versões para a sociedade", explica o presidente da ESA.
Cada escola desenvolveu enredos que exaltam a riqueza amazônica e reforçam a necessidade de sua preservação. O Quem São Eles levará "O Despertar da floresta"; o Bole Bole desfilará com "Amazônia Ensolarada"; O Rancho Não Posso Me Amofiná, com "A história do Mascate Amazônico que se tornou o Midas do Norte"; o Boêmios da Vila Famosa, com "Sucupira - Terra do Absurdo".
A Mocidade Olariense vai desfilar com o enredo "A Revolta das Icamiabas - Um delírio fascinante em defesa do Reino das Pedras Verdes"; o Piratas da Batucada, com "O cantar caboclo da Amazônia"; a Embaixada, com "Encantaria - O Rito das Águas"; o Acadêmicos, com "Rudá - A explosão do amor em defesa da Floresta", e a Deixa Falar, com "O sonho virou realidade - Uma gota de amor para salvar a criação".
A preocupação ambiental também se reflete na organização do evento. Desde 2024, a ESA vem debatendo com especialistas em sustentabilidade alternativas para minimizar o impacto ambiental do Carnaval. "Não é uma iniciativa simples. Vai muito além de recolher lixo ou usar garrafa PET nos adereços. É um conceito amplo de ações que podem ser desenvolvidas", pontua Guga. Para isso, a ESA conta com a parceria de Diego Carbonell, diretor de sustentabilidade da Liga RJ e do Império Serrano, que acompanhará os desfiles e ajudará na elaboração de um relatório com diretrizes para um Carnaval Sustentável em Belém.
Visibilidade nacional
Este ano, as agremiações ganham um incentivo extra: a projeção nacional impulsionada pelo desfile da Grande Rio no Carnaval do Rio de Janeiro. A cultura paraense brilhou na Marquês de Sapucaí com o enredo "Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós", que exaltou os atrativos históricos, religiosos e culturais do Pará.
O desfile da Grande Rio encantou o público e garantiu o vice-campeonato do Carnaval carioca em 2025. O reflexo desse reconhecimento já pode ser sentido na capital paraense. "Há muito tempo que a gente não via o Carnaval de Belém com tanta intensidade, com tanta gente envolvida, comprando camarotes, frisas, mesas. Mas, além disso, mobilizada para assistir e desfilar", destaca Fernando Guga.
Além disso, uma novidade promete dar ainda mais visibilidade ao evento: o camarote "MilTons", comandado pelo carnavalesco paraense Milton Cunha. Durante as duas noites de desfiles, ele comentará a passagem das escolas de samba e receberá convidados especiais. "Milton é indiscutivelmente o maior nome do Carnaval brasileiro, um talento incomparável. Tê-lo aqui recepcionando essas pessoas locais, os nossos artistas, celebridades nacionais, é muito gratificante", diz.
"Tenho certeza de que o Milton vai abrir portas e janelas para o Carnaval de Belém no restante do Brasil", enfatiza Guga.
Segundo o presidente da ESA, a visibilidade gerada pelo desfile da Grande Rio também despertou o interesse de pessoas que nunca haviam acompanhado de perto o Carnaval da capital paraense. "Algumas pessoas já me disseram que nunca foram, e despertou nelas a curiosidade de conhecer. Isso, para a gente, é gratificante demais", destaca Guga. "Nossas comunidades são gigantes, mas quando a gente traz pessoas que normalmente não frequentam e se interessam, é porque estamos no caminho certo", conclui.
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