Carnaval de Belém 2025: escola de samba Boêmios aborda corrupção e problema do lixo na cidade
Escola de samba será a segunda a desfilar no próximo sábado (15), na Aldeia Amazônica
As escolas do Grupo Especial de Belém voltam à passarela do samba para defender seus estandartes nesta sexta (14) e sábado (15), na Aldeia Amazônica, durante os desfiles oficiais do Carnaval de Belém. Entre as nove agremiações que disputam o título este ano está a Boêmios da Vila Famosa, que traz como enredo “Sucupira: a Terra do Absurdo”. Fundada em 1975, no distrito de Icoaraci, a agremiação completa 50 anos em 2025.
A escola entra na avenida a partir das 21h, levando 1.200 brincantes à avenida, distribuídos em 11 alas. O destaque do desfile da Boêmios da Vila Famosa fica por conta da presença de personalidades da música paraense, entre as quais Renato Lu, Pedrinho Callado, Marta Mariana, Creuza Gomes e DJ Sainha, que estão relacionados com a musicalidade da escola.
O enredo da escola gira em torno do personagem Odorico Paraguaçu, da novela “O Bem Amado”, exibida na TV em 1973. Na trama, ele personifica um político corrupto que, com seus discursos sem sentido, ilude o povo simples da pequena Sucupira, cidade fictícia situada na Bahia. Entre as muitas ideias estapafúrdias para manter a sua gestão bem aceita pela população está a construção de um cemitério que, no entanto, só pode ser inaugurado quando algum munícipe morrer. Daí a torcida permanente do prefeito para que alguém "bata as botas" quanto antes para que ele possa, finalmente, deixar seu nome eternizado na obra, no mínimo, duvidosa.
“A maior obra que ele fez na prefeitura foi o cemitério. E era preciso que alguém morresse para que ele inaugurasse a obra. Acabou que ele inaugurou o cemitério. Então a comissão de frente já vem mostrando isso”, antecipa Wander.
Lixo em Belém
Outra abordagem da agremiação serão os problemas quanto à questão do lixo em Belém, cidade que vai sediar, em novembro deste ano, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), um encontro para discutir ações efetivas para o enfrentamento da crise climática. O tema da escola abre um leque para o debate de questões e exposição de críticas em níveis mundial, nacional e regional, como a destruição de patrimônios, a falta de união no ambiente cultural e a falta de conscientização das pessoas sobre o meio ambiente.
Wander Nunes, diretor de carnaval da Boêmios, ressalta que a escola pretende mostrar os “absurdos” que acontecem na capital paraense. “Muito se fala da floresta, de sustentabilidade, e a gente vem retratar justamente o caos que acontece na cidade de Belém, metrópole da Amazônia. Estamos fazendo um trabalho muito grande em relação a isso, para mostrar o que acontece no dia a dia da cidade”, diz Nunes. Mas adianta que a escola não se restringirá a falar só dos problemas da capital, a Boêmios pretende oferecer uma solução. “Vamos mostrar a realidade do que acontece em nossa cidade, mas, também viremos com uma solução no final do nosso desfile”, antecipa.
A “virada de chave” estará na chegada do Curupira, que se transformará em vários animais, como o jabuti, o jacaré, a onça, a borboleta e a coruja. Em seguida, ele vai contar com ajuda da Cobra Grande, entidade adormecida sob a cidade e que será despertada, para, juntos, fazerem uma grande limpeza em Belém. “Depois dessa limpeza que a Cobra Grande faz, aí a gente vai fazer a celebração da cultura popular”, afirma Wander.
Expectativa
O diretor de carnaval espera que a escola de samba possa, por meio do espetáculo levado à avenida, instigar as pessoas sobre a importância da consciência ambiental e o problema que representa o lixo na sociedade. “Acredito que vai ter um impacto muito grande no público e espero que as pessoas possam entender realmente e ter a consciência de não descartar lixo em um local errado”.