Carnaval 2024: foliões se preparam para o arrastão dos Bois de Máscara, em São Caetano de Odivelas
Os mascarados fazem parte dos tradicionais festejos do município há 18 anos
A tradição e a folia se misturam na tarde desta terça-feira (13), no último dia do carnaval de São Caetano de Odivelas, no nordeste paraense, com o arrastão do Boi Faceiro. O festejo reúne elementos de festa junina e Carnaval, dando um colorido especial à diversão, que teve início no último sábado (10).
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São Caetano de Odivelas tem um carnaval diferenciado: são os bois de máscaras. Há 33 deles no município, dos quais 30 estão em atividade. Ainda como elementos do carnaval, a festa do município conta com os palhaços mascarados - os “pirrôs” - os cabeçudos e os buchudos.
O motorista de aplicativo Ataniel Toloza, 40 anos, sairá de "pirrô". "Todo ano eu saio. É muito legal. É tudo. É a minha infância", disse ele, cuja família também se fantasia do palhaço mascarado.
Boi Faceiro foi pioneiro no carnaval da cidade
Coordenador do Boi Faceiro, Rondi Palha explica que a inserção dos bois de máscaras no Carnaval começou em 2006, sendo uma proposta pioneira do Faceiro. “A gente enfrentou muito problema naquela época com o pessoal mais tradicionalista, que acreditava que o boi de máscara devia ser só na quadra junina. A manifestação é de base junina, mas tem características carnavalescas”, explica.
“A gente viu na figura dos bois de máscara elementos para enriquecer o Carnaval de São Caetano”, acrescenta. No ano de 2009, outro boi passou a fazer parte da cena carnavalesca: o Boi Tinga.
Segundo Rondi, a proposta do grupo era misturar os elementos do boi de máscara, as cores, a música e os personagens com a expressão cultural do carnaval no Brasil. Porém, ele explica que na cidade o carnaval não se resume aos bois.
Além dessa tradição, a festa conta com bandas, aparelhagens, carretinhas e blocos de abadá. Na tarde desta terça-feira (13_, é o Faceiro que vai encerrar a programação de arrastão de boi.
“Esse ano com uma proposta no tema da diversidade cultural, justamente porque que o Carnaval é diverso, é múltiplo. É muito pé no chão. É um dos poucos grupos que ainda mantém a bandinha tradicional, a bandinha carnavalesca, arrastando os foliões pelas ruas da cidade”, complementa.
Com início previsto para às 17h, o festejo deve seguir até por volta das 20h, na orla da cidade, e deve reunir um público de três mil pessoas no ápice do arrastão do Faceiro.
Folclore popular
No imaginário popular da cultura de São Caetano de Odivelas, o “Boi Faceiro” fora criado na fictícia Fazenda “São João”, localizada nos campos encantados de Odivelas, às margens do rio Mojuim, e habitadas por “buchudos”, “pierrôs”, “cabeçudos”, vigiada por valentes vaqueiros e admirada por lindas donzelas. A fazenda São João é a própria cidade de São Caetano de Odivelas.
Bois de máscaras
O Boi de Máscaras de São Caetano é o único do Brasil conduzido por duas pessoas para dar a ideia de ser um animal de verdade, com quatro patas. O boi é o centro da brincadeira. A figura do boi não tem adornos e tenta reproduzir o animal de verdade. A maioria dos bumbás têm uma única pessoa que veste a figura do boi, que eles chamam de "tripa".
No entanto, na cidade, o nome dado não é "tripa", e sim "perna". São “os pernas do boi”.O boi pesa em torno de 60 quilos, e por isso precisa de duas pessoas para dar vida a ele. O boi de São Caetano é baseado na dança, na música e na performance teatral.
O boi tem um ciclo na safra junina, que aparece no início da safra, no mês de junho, e foge no final para não ser morto. No enredo do bumbá tradicional, ele é morto e ressuscitado por um pajé, por um médico, por uma feiticeira e por um xamã. No caso do boi de máscara, não. Ele foge para não haver essa morte. E foge e vai para o imaginário e retorna no ano seguinte.
No carnaval, ele tem uma proposta um pouquinho diferente. Ele faz um arrastão de rua, típico da festa. Enquanto em junho, ele faz uma espécie de esmolação, em que ele brinca de casa em casa, a partir do carteado. Em fevereiro, ele faz um arrastão só, um arrastão uniforme, em que todas as pessoas se permitem participar.
No caso da quadra junina, as pessoas só se permitem brincar se forem fantasiadas com as roupas típicas da quadra junina. Diferente do que acontece no carnaval, em que há essa miscelânea entre os personagens do boi, devidamente mascarados e fantasiados, com os foliões de carnaval mesmo.
Pirrô mascarado
O “pirrô” mascarado. Usa-se muito o carnaval veneziano para fazer um paralelo, mas ele não tem uma relação direta. Personagem com uma roupa espalhafatosa, com listras verticais multicoloridas. Um outro adereço icônico do “pirrô” mascarado de São Caetano é sua máscara com nariz pontiagudo.É a figura mais constante do boi de máscara, é a figura mais visível, é a que dá o colorido, é a alegria para a manifestação. Eles não dançam, pulam no boi, de acordo com o samba ou a marcha de boi que são tocados durante a quarta junina. No carnaval, claro, ele acompanha o frevo e a marchinha.
Cabeçudo
O cabeçudo é uma figura do boi de máscara. Essa cabeça grande, gigante, vai até a cintura do brincante, onde se prende um paletó com os braços acolchoados. E dá essa figura de uma cabeça grotesca, gigante, e um corpo minúsculo. E o braço acolchoado dá essa coisa meio molenga para o cabeçudo.E o cabeçudo se tornou hoje um dos ícones da cultura popular do Estado. É uma das figuras mais hilárias, não só do boi de máscara, mas da cultura popular do Estado do Pará.
Buchudo
É uma figura errante, que destoa da estética. Esse buchudo pode ser um fantasma, pode ser um demônio, pode ser uma bruxa, pode ser um personagem da cultura pop. Ele depende muito da irreverência e da criatividade do brincante.
A concentração para o arrastão para o Boi Faceiro é na travessa Antônio Baltazar Monteiro, no centro da cidade, em frente à casa de Mestre Bené, falecido em 2001 e de quem Rondi é neto. A casa é um ponto de visitação e onde são guardados os materiais do Boi Faceiro.
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