Seca recorde na Bacia Amazônica: quatro principais rios atingem níveis históricos mais baixos

Estiagem, que atingiu recordes alarmantes, tem um impacto direto na vida das comunidades amazônicas

O Liberal
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A Bacia Amazônica, a maior do mundo, enfrenta uma seca histórica que está afetando quatro dos seus principais rios, ameaçando não apenas a biodiversidade, mas também a vida e a economia de toda a região.

Um relatório conjunto do Sistema Geológico Brasileiro (SGB) e da Agência Nacional de Águas (ANA) revelou que os rios Amazonas, Negro, Branco e Purus alcançaram seus níveis mais baixos já registrados para o mês de setembro. Além disso, especialistas advertem que a recuperação pode levar até quatro anos.

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A estiagem, que atingiu recordes alarmantes, tem um impacto direto na vida das comunidades amazônicas, uma vez que esses rios não são apenas fontes vitais de água, mas também servem como hidrovias e fontes de energia.

A situação mais crítica foi registrada no rio Negro, que serve o porto de Manaus e escoa a produção da Zona Franca. A seca no rio atingiu seu pico, sendo a pior dos últimos 120 anos para o mês de setembro.

O rio Branco, o único fornecedor de água do estado de Roraima, registrou o menor nível de água desde 1967. O rio Purus, que abrange dezenas de municípios entre os estados do Acre e Amazonas, enfrentou níveis de água historicamente baixos, com medições registrando marcos desde 1967 até 1982.

Já o rio Amazonas, vital para a região, também não escapou da situação crítica. As medições em três áreas distintas bateram recordes em sua série histórica, com níveis historicamente baixos desde 1977 em Careiro, 1998 em Itacoatiara, e 1974 em Parintins.

Os rios Madeira e Solimões, embora não tenham alcançado recordes históricos durante este período, aproximaram-se dos níveis mais baixos já registrados. Isso gera preocupações de que a situação possa piorar, uma vez que outubro é tipicamente o mês mais seco da estação.

Impacto

Os impactos dessa seca não se limitam à região amazônica. Os rios da bacia são interligados, e a seca pode desencadear um efeito cascata que afetaria outros estados. Além disso, o sistema de energia do Brasil, que não é independente, está começando a sentir os efeitos.

Usinas no Norte do país estão sendo impactadas, o que pode resultar em desabastecimento não apenas na região, mas também em todo o sistema nacional. A usina hidrelétrica de Santo Antônio, abastecida pelo Rio Madeira e a maior do país, teve suas operações paralisadas recentemente, o que coloca pressão adicional no sistema de energia nacional.

A situação também afeta a logística na região, que é um centro agrícola e abriga a Zona Franca em Manaus, responsável por produzir uma grande parte dos eletrônicos do Brasil. Com a baixa dos rios, a navegação se torna complicada, o que pode afetar a distribuição de produtos, incluindo aqueles produzidos na Zona Franca. Isso ocorre em um momento crítico, próximo à Black Friday, quando a demanda por eletrônicos costuma ser alta.

A produção agrícola, incluindo soja e milho, também está sob ameaça. Agricultores em 79 municípios tiveram suas produções prejudicadas, reduzindo a oferta de insumos não apenas na região, mas em todo o país.

As causas dessa seca severa incluem o El Niño, que aumenta a temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial, e o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, que torna as águas mais quentes. Esses fenômenos modificaram a circulação do ar na atmosfera e direcionaram as chuvas para o sul do Brasil, deixando a Região Norte da Amazônia com níveis historicamente baixos de precipitação.

A previsão para a recuperação dos níveis dos rios é desoladora, com especialistas indicando que pode levar até quatro anos para que a situação se normalize. A seca está longe de ser resolvida, exigindo não apenas chuvas, mas também tempo para que os rios possam absorver a água e retornar aos níveis normais.

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