MENU

BUSCA

PF prende quadrilha que fraudava documentos para emitir registros para falsos médicos

Os investigados pagavam de R$ 45 mil a R$ 400 mil e recebiam documentos com selo e logotipo iguais aos de universidade

Luciana Carvalho

Três pessoas foram presas pela Polícia Federal (PF) por suspeita de fasificação de documentos de faculdades de medicina para obter registros de Conselhos e vendê-los para falsos médicos.

Segundo as investigações, os suspeitos criavam documentos falsos muito parecidos aos originais, utilizando papel de qualidade, e reproduziam o logotipo de universidades, sendo a maioria com dados da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Pelo menos 65 registros foram obtidos junto ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) com documentos falsos

Com as documentações, qualquer um poderia se passar por médico formado. Como são as universidades que enviam a primeira documentação dos alunos formados para os conselhos regionais de medicina, os criminosos também criaram e-mail falso em nome das instituições de ensino. No caso da Uneb, a quadrilha usava o e-mail "validacao@portaluneb.gov.br" e conseguiu enganar o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro.

Ainda de acordo com a investigação da PF, os falsos médicos pagavam de R$ 45 mil a 400 mil e recebiam documentos com selo e logotipo iguais aos da Uneb com histórico escolar, diploma e até monografia.

VEJA MAIS 

Farmacêutico é flagrado com venda de atestados; valor para um dia era de R$ 50 por pessoa
As empresas que receberam esses documentos também serão notificadas, pois a falsificação de atestados médicos constitui infração contratual grave e pode ser motivo de rescisão por justa causa

Ex-sargento e coronel da PM são denunciados por falsidade ideológica e falsificação de documentos
Gildson dos Santos Soares já responde pelo assassinato de uma mulher em Santarém; Andrea Keyla Leal Rocha foi afastada do Comando de Policiamento Ambiental

Casal é preso ao tentar falsificar documento em cartório de Parauapebas
O tabelião responsável pelo cartório disse que o documento tinha características de ser falso e acionou a Polícia que prendeu a dupla

Falsos Médicos

Diego da Silva Jacome de Lima está entre os suspeitos investigados pela PF. Em depoimento, ele disse que que nunca foi ao campus da Uneb, que pagou R$ 45 mil e recebeu em casa toda a documentação falsa.

Já Jonny Teixeira Carreiros contou à polícia que estudou medicina no Paraguai, mas não se formou e que pagou R$ 80 mil pelo esquema. Ele foi preso em fevereiro deste ano, quando trabalhava como médico e passou 9 dias na cadeia. Os advogados dele disseram que ele foi vítima de um golpe.

Enfermeira de formação, Cássia Santos de Lima Menezes admitiu  em depoimento que chegou a gastar R$ 400 mil com os documentos falsos e que chegou a dar plantões como médica

Marcelo Salgueiro Bruno, dono de uma empresa de ambulância e enfermeiro, também disse em depoimento que pagou R$ 45 mil por documentos. Ele recebeu uma pasta com selo e logotipo iguais aos da Uneb com histórico escolar, diploma e monografia.

Prisões

Em junho, a PF cumpriu quatro mandados de prisão e três pessoas foram presas: Valdelírio Barroso Lima, Reinaldo Santos Ramos e Francisco Gomes Inocêncio Junior, que é médico. A quarta pessoa, Ana Maria Monteiro Neta, apontada como chefe da quadrilha, está foragida.

O que dizem as instituições

A Uneb disse que todos os documentos recebidos pelo Cremerj não foram emitidos ou assinados pela universidade e são ilegítimos.

O Cremerj percebeu uma das fraudes quando uma funcionária desconfiou de documentos e avisou à Polícia Federal, que começou uma investigação. O órgão mudou o processo de checagem e anulou todos os sessenta e cinco registros obtidos com documentação falsa.

O Conselho Federal de Medicina quer criar protocolos de checagem em todo o país. De acordo com o presidente do conselho, José Hiran Gallo, uma equipe vai aos conselhos regionais para levantar dados e entender a fragilidade do sistema para trabalhar numa correção.

  (Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).

Brasil