Pelo terceiro mês consecutivo, cresce degradação na Amazônia devido à queimadas
A degradação registrada no mês de agosto de 2024 foi 11 vezes maior do que a detectada no mesmo período de 2023, aponta Imazon
O mês de agosto foi o terceiro consecutivo onde ocorreu o crescimento de áreas degradadas na Amazônia. Conforme dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto de pesquisa do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a área destruída em 2024 é de 2.870 km² de florestas. O número é 11 vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2023, onde 258 km² da mata foi degradada. Diferente do desmatamento, onde ocorre a remoção total da vegetação, a degradação se caracteriza pela perda parcial da cobertura vegetal, devido ao fogo ou extração de madeira.
A área degradada é maior do que Palmas, no Tocantins, a nona maior capital brasileira. Conforme os pesquisadores do Imazon, que monitora a Amazônia por imagens de satélite desde 2008, os números registrados são considerados elevados para esse período, onde geralmente há o crescimento de casos de fogo devido a prática tradicional da limpeza de áreas de cultivo e pasto.
Carlos Souza Jr, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, também aponta que a emergência climática aumenta a vulnerabilidade às queimadas. “Tivemos uma seca severa em 2023, que se repete em 2024. Inclusive, já foi possível detectar a perda de superfície de água em junho deste ano. No ano passado, essa perda foi registrada em setembro. O cenário requer uma mudança radical nas práticas de manejo baseadas em queimadas”, argumenta o pesquisador.
Áreas afetadas
Com a intensificação da degradação ambiental na Amazônia em agosto, o Pará e Mato Grosso foram os principais estados afetados. O Pará concentra 45% da área total degradada, registrando um aumento de oito vezes em apenas um ano. Mato Grosso, por sua vez, apresentou um crescimento de quase 20 vezes na área degradada, evidenciando a gravidade da situação.
A degradação nas terras indígenas também apresentou um crescimento alarmante, passando de 15 km² em agosto de 2023 para 972 km² em agosto de 2024, quase 65 vezes mais. Os estados do Pará e de Mato Grosso estão no topo do ranking das 10 terras indígenas mais afetadas. O território paraense Kayapó concentrou quase 40% da área total degradada em terras indígenas. Já Mato Grosso ocupou o segundo, o terceiro e o quarto lugar, com os territórios Sararé, Capoto/Jarina e Aripuanã.
Desmatamento
Os casos de desmatamento também cresceram pelo terceiro mês consecutivo na Amazônia. O levantamento do Imazon aponta que foram desmatados 662 km², o que equivale a destruição de aproximadamente 2.135 campos de futebol por dia de floresta. Em comparação com agosto do ano anterior, o aumento foi de 17%.
Os assentamentos e unidades de conservação também apresentaram um aumento da destruição no período. Nos assentamentos, a área afetada cresceu de 129 km² em agosto de 2023 para 163 km² em agosto de 2024. Já nas unidades de conservação, o desmatamento passou de 49 km² para 57 km² no mesmo período, totalizando uma alta de 16%.
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