Patrões são condenados a pagar R$ 2 milhões à mãe de Miguel por trabalho na pandemia
Conforme decisão judicial, o ex-prefeito Sergio Hacker Corte Real e a esposa dele Sarí assumiram risco de eventuais danos contra criança. Menino morreu quando estava sob os cuidados da patroa
O casal Sergio Hacker Corte Real (PSB) e Sarí Mariana Costa Gaspar Corte Real foi condenado ao pagamento de uma indenização de R$ 2.010 milhões para a família do menino Miguel, que morreu ao cair do 9º andar do prédio de luxo onde o casal morava, no Centro do Recife. A decisão foi tomada no dia 6 de setembro, pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6).
Sergio Hacker, que é ex-prefeito de Tamandaré (PE), e a esposa dele, Sarí, eram patrões de Mirtes Renata Santana, mãe de Miguel. O menino estava sob os cuidados de Sarí dentro do apartamento, porque Mirtes precisou descer ao térreo do prédio para passear com a cadela da patroa. Ao ir atrás da mãe, Miguei caiu do 9º andar do Condomínio Pier Maurício de Nassau.
Pela decisão da Justiça do Trabalho, o valor da indenização deve ser repassado a Mirtes e a Marta Maria, avó do garoto, que também trabalhava na casa da família Corte Real. Após a tragédia, foi revelado que ambas eram pagas com dinheiro da prefeitura. O juiz do trabalho João Carlos de Andrade e Silva concluiu que elas devem devem ser indenizadas pela morte do menino e por terem trabalhado durante a pandemia de Covid-19.
"É um sentimento de satisfação pela sentença, e essas pessoas só sentem o peso dos seus atos quando mexem no bolso deles. Agora, estamos aguardamos as próximas etapas. O meu foco é justiça pela morte do meu filho. [...] Sei que isso não vai me dar meu filho de volta, mas me dá uma sensação de missão cumprida e de justiça", disse Mirtes, em entrevista ao G1 de Pernambuco.
A defesa dos patrões informou que vai recorrer da nova sentença.
Sarí já foi condenada a oito anos e seis meses de prisão por abandono de incapaz que resultou em morte, em outro processo, no âmbito criminal. Ela responde o processo em liberdade e foi aprovada recentemente em um curso de medicina.
O casal também já foi condenado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) a pagar R$ 386 mil por dano moral coletivo à família, pois as duas trabalhavam como empregadas domésticas na residência do casal, mas eram pagas pela prefeitura.