Nubank adota telas de confirmação para transferências a casas de apostas; entenda
Banco digital exibe mensagem de alerta ao identificar uma chave Pix suspeita de estar associada a um site de apostas: 'Que tal guardar esse dinheiro?'
O Nubank está implementando uma nova estratégia para tentar convencer seus clientes a repensarem antes de transferir dinheiro para casas de apostas. A partir de agora, quando um usuário realizar uma transferência via Pix para uma chave associada a apostas, o aplicativo exibe um alerta sugerindo que ele guarde o dinheiro, incentivando a poupança em vez do jogo.
A iniciativa faz parte de uma campanha do banco digital para reduzir o fluxo de dinheiro destinado a plataformas de apostas online, que, segundo especialistas, têm gerado um impacto econômico significativo no Brasil.
O Nubank reconhece que, embora as apostas sejam legais em algumas circunstâncias, não há garantias de retorno financeiro, como acontece com investimentos tradicionais. O alerta do banco é claro: "Que tal guardar esse dinheiro?" antes de confirmar a transação.
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A mensagem aparece quando o cliente insere uma chave Pix suspeita de estar associada a uma casa de apostas. Nesse momento, o usuário é questionado: "Essa transferência é para uma casa de apostas? A chave-pix inserida é frequentemente utilizada por casas de apostas".
Caso o cliente confirme a operação, uma segunda tela de confirmação surge, reforçando a mensagem: "Alguns desses jogos são legalizados no Brasil, porém não há garantias de ganho. Guardando esse dinheiro ao invés de apostar, você tem a certeza de que ele vai render sem preocupação".
Vale destacar que, apesar da tentativa de dissuadir os clientes, o Nubank não impede as transferências para as casas de apostas. Caso o cliente opte por prosseguir, o Pix é completado normalmente.
Crescimento das bets no Brasil
A iniciativa surge em um contexto onde a popularidade das apostas online está crescendo rapidamente no Brasil. O fluxo de caixa anual das casas de apostas é estimado em R$ 200 bilhões a R$ 250 bilhões, com cerca de 15% desse valor, ou R$ 30 bilhões, não retornando aos apostadores.
A regulamentação do setor ainda está sendo ajustada para conter os danos causados pelos vícios em apostas. A pressão por mais regras vem crescendo, e o Ministério da Fazenda está trabalhando para estabelecer limites para as apostas e propagandas, além de restrições de perfis, com o objetivo de evitar um aumento do endividamento da população.
Em outubro de 2024, o presidente Lula disse que se a regulamentação não der certo, a única alternativa seria acabar de vez com as bets. "Nós estamos fazendo uma regulação e vamos tirar 2 mil sites de apostas desse país. Depois vamos saber o que a regulamentação vai garantir de benefício, de certeza que a coisa está sendo feita com seriedade. Se não der resultado com a regulamentação, eu não terei nenhuma dúvida em acabar definitivamente com isso", declarou.
“Conheço gente que perdeu casa, que perdeu carro, que gasta o salário todo numa sexta ou sábado. Isso é uma doença que nós precisamos tratar também com o aspecto da saúde”, concluiu.
A regulamentação deve ser mais rígida no futuro, com empresas ilegais sendo removidas do mercado, como parte de uma estratégia para combater os efeitos negativos desse mercado.
*(Hannah Franco, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web de OLiberal.com)