Mulher morre internada após procedimento estético
Biomédico se apresentou como falso médico à cliente e contou com ajuda de estudante de medicina para fazer a intervenção em clínica clandestina
Após ter complicações causadas por conta de um procedimento estético para aumentar o glúteo, uma mulher morreu na noite do último sábado (1º), em Anápolis, no Estado de Goiás. Ela havia se operado em uma clínica clandestina e estava internada no Hospital Municipal desde o dia 27 de março.
Segundo a investigação, o profissional responsável pela intervenção de Ronilza Johnson era biomédico, chamado Lucas Santana, mas se apresentou como médico e contou com a ajuda de um estudante de medicina para fazer as intervenções no glúteo, rosto e outras partes do corpo da mulher. Os suspeitos podem responder por lesão corporal seguida de morte, além de exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica, diz a delegada Cynthia Alves Costa, responsável pela investigação, que ainda pode pedir a prisão preventiva deles.
Ronilza morava na Inglaterra com a família e viajou para Anápolis para visitar o pai, assim como faz todos os anos. Desta vez, ela decidiu fazer o procedimento por indicação de amigos, em março. A delegada Cynthia Alves Costa afirma que o profissional usou polimetilmetacrilato, mais conhecido como PMMA, para fazer o preenchimento. Apesar de não ser proibido, o uso, porém, não é indicado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia para este procedimento específico.
O produto causou infecções graves no corpo de Ronilza, que depois necrosaram e viraram feridas. Após passar mal e ser levada para o hospital, a mulher denunciou os suspeitos. "O procedimento foi feito de forma ilegal, o que já foi verificado. Ela passou mal uma semana depois e vizinhos chamaram uma ambulância", conta a delegada.
Um documento mostra os serviços que foram feitos, totalizando quase R$ 9 mil. Na folha apreendida pela polícia, está o carimbo de Lucas Santana. A polícia também apontou a participação de Thierry Cardoso, um estudante de medicina na Bolívia.
A delegada cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas dos suspeitos e na clínica onde atuam, na última sexta-feira (30). A polícia também esteve em endereços domiciliares em Leopoldo de Bulhões e em Anápolis.
Na casa do estudante, em Leopoldo de Bulhões, foram apreendidos inúmeros medicamentos, inclusive de procedência estrangeira, de uso veterinário e receitas médicas em branco.
A clínica onde o biomédico trabalhava foi fechada pela Vigilância Sanitária por falta de alvará de funcionamento. No local, foram apreendidos cadernos com anotações e tubos utilizados para coleta e armazenamento de sangue.
O Conselho Regional de Biomedicina disse, em nota, que o biomédico realizou um procedimento não autorizado pelo Conselho Federal de Biomedicina e que será aberto contra ele processo ético, sem prejuízo da análise de processo criminal pelas autoridades policiais. A nota diz que Lucas da Silva Santana tem registro profissional e habilitação em estética.
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