Moradora do Rio Grande do Sul há sete anos, paraense relata medo nos dias de chuvas intensas
Annelyse Ledel é moradora da cidade de Esteio: "Realmente a chuva aqui é uma coisa de outro planeta, dá medo", afirma
O Rio Grande do Sul enfrenta fortes chuvas desde o dia 29 de abril, configurando uma das piores tragédias climáticas da história do estado. O temporal já resultou em mais de 30 mortes e afetou 300 mil pessoas, segundo dados atualizados.
Annelyse Ledel é paraense e mora na cidade de Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ela relata que foi ‘obrigada’ a se mudar devido aos alagamentos que afetaram a área onde antes era sua residência.
“A gente veio para um lugar que é bem alto e ele não foi afetado pela enchente assim, com inundação. Mas a minha casa está com bastante goteira porque a calha não está conseguindo sustentar toda a água que tem que passar por ela e acaba empossando e pingando no telhado", disse a farmacêutica.
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Ela conta que familiares também têm sofrido com as enchentes. “Os parentes do meu marido moram na região em que nós morávamos antes. A casa do meu cunhado é baixa e deve ter entrado água na casa dele. Na vez passada entrou e ele chegou a perder algumas coisas”, contou.
Annelyse descreve a interrupção das atividades cotidianas devido às enchentes. "Desde quinta que a gente está liberado da atividade no campo e das aulas, porque muitos estão com dificuldade de chegar nos lugares devido à enchente. E não só de chegar nos lugares, mas as próprias casas dessas pessoas estão debaixo d'água", relata a paraense.
A paraense comparou as diferenças entre as chuvas na região sul e sua terra natal, Belém. "Me lembro que quando eu morava em Belém, a chuva não era um impedimento para nada, porque não era nada de outra dimensão. Mas aqui, antes de eu passar por alguma enchente, sempre as pessoas falavam que não era para estar saindo na chuva, que era para ter cuidado, porque elas sempre têm medo de enchente e de temporal, como eles falam. Realmente, a chuva aqui é uma coisa de outro planeta, dá medo", explicou.
Ela ainda destaca a falta de preparo e orientação das autoridades locais durante esses eventos climáticos, que já aconteceram em outras ocasiões. "A prefeitura e o governo acabam não passando essas orientações. Eles só emitem um alerta depois que já aconteceu tudo, eles chegam falando alerta de perigo, de enchente, de não sei o que, mas nada muito detalhado"
Annelyse enfatiza a solidariedade e ação comunitária como resposta às necessidades criadas pelas enchentes. "E os próprios populares também aqui vão organizando pontos de arrecadação, vão fazendo doação de comida, de água. E às vezes eles têm a doação da comida já pronta, já feita, às vezes eles pegam doação", concluiu.
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