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Marca cristã é acusada de racismo após lançamento de camiseta com a frase "Não se contamine!"

A marca postou pedido de desculpas e lamentou que a arte tenha sido interpretada de forma diferente da intenção original

Pedro Garcia

O Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Petrópolis (Compir) alegou ter recebido denúncias sobre uma estampa de camiseta da marca Criações Gêneses, que gerou polêmica e foi alvo de repúdio. Durante uma reunião realizada no dia 26 de novembro, o conselho votou uma nota que condena a representação simbólica da camiseta, que traz a frase "Não se contamine!" acompanhada de uma ilustração de mãos de diferentes cores. A nota afirma que essa associação é inaceitável e configura um ato de racismo, violando princípios de dignidade e igualdade.

O coletivo Educafro, que trabalha pela inclusão da população negra nas universidades, também expressou indignação. Em sua manifestação, o grupo destacou que o ato racista perpetrado pela marca é mais um exemplo do racismo estrutural enfrentado na cidade. A ilustração sugere uma transmissão de sujeira ou contaminação entre as cores das mãos, o que foi amplamente criticado por sua conotação discriminatória.

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Além do Compir e do Educafro, a Comissão de Igualdade Racial e a Comissão de Direitos Humanos da OAB em Petrópolis se uniram ao repúdio. Elas afirmaram que a mensagem da estampa perpetua o racismo estrutural e ofende os direitos humanos. As comissões exigiram ações imediatas, incluindo a retirada da propaganda, um pedido público de desculpas da empresa e medidas concretas para combater práticas discriminatórias.

"Tal mensagem é claramente ofensiva e discriminatória, perpetuando o racismo estrutural que tanto combatemos em nossa sociedade. A associação entre a cor da pele e a ideia de contaminação é uma afronta direta aos direitos humanos e um insulto à luta histórica e contínua pela igualdade racial. Em pleno século XXI, é inaceitável que ações publicitárias de cunho racista ainda encontrem espaço para circulação, seja por ignorância, descuido ou intencionalidade. A responsabilidade social de qualquer empresa inclui o compromisso de respeitar a dignidade humana e promover a inclusão, e não o oposto".

Em resposta à controvérsia, a proprietária da marca enviou uma nota através do advogado Juarez Rodrigues Braga. Ela explicou que a imagem representava uma mão necrosada como metáfora para contaminação espiritual, sem intenção de associar a cor da pele a etnias específicas. A empresária lamentou a interpretação negativa e afirmou que a camiseta não será mais vendida.

A nota também incluiu um pedido de desculpas àqueles que se sentiram ofendidos pela arte. A marca enfatizou seu compromisso com valores de amor e respeito, reiterando que nunca teve a intenção de propagar preconceito ou discriminação. 

As entidades envolvidas na denúncia esperam que as autoridades competentes investiguem o caso para apurar possíveis responsabilidades civis e penais, reforçando a necessidade de um ambiente mais respeitoso e inclusivo na sociedade.

Confira a nota na íntegra

"Prezados,

Gostaria de esclarecer a intenção por trás da minha arte. A imagem da mão branca e da mão necrosada foi criada para ilustrar o versículo de Daniel 11:21, como uma metáfora da contaminação espiritual. A cor da mão necrosada não tinha a intenção de representar uma etnia específica, mas sim um estado de deterioração e impureza.

Lamentavelmente, minha arte foi interpretada de forma totalmente diferente da minha intenção original. A última coisa que eu desejaria seria ofender ou causar qualquer tipo de mal-estar. Respeito profundamente todas as pessoas, independentemente de sua raça ou origem."

 

*(Pedro Garcia, estagiário de jornalismo, sob supervisão de Mirelly Pires, editora web de OLiberal.com)

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