Mãe de santo tortura adolescente e a transforma em escrava sexual; entenda
O depoimento da jovem desencadeou uma forte investigação policial sobre abusos físicos, ameaças e suspeitas de exploração dentro da Tenda Espiritual

Uma mãe de santo foi presa após ser acusada de torturar severamente uma adolescente de 17 anos. Conforme as investigações, a vítima tinha queimaduras de terceiro grau nas mãos e na língua, teve o cabelo cortado à força e ainda tinha hematomas na cabeça.
Segundo relato da adolescente, meses antes, ela havia procurado abrigo em um terreiro de umbanda, acreditando que ali seria acolhida. No entanto, o que começou como promessa de proteção se transformou em controle, violência e isolamento, até que a fuga se tornou a única forma de sair viva do lugar.
O depoimento da jovem desencadeou uma forte investigação policial, conduzida pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama), no Distrito Federal, sobre abusos físicos, ameaças e suspeitas de exploração dentro da Tenda Espiritual Vovó Maria Conga Aruanda, comandada pela mãe de santo Hayra Vitória Pereira Nunes, 22 anos.
“Ela (Hayra) era um tipo de pessoa simples e super acolhedora, fez a minha cabeça. Quando fui ver, já estava no fundo do buraco, vi que ela agredia a outra menina a pauladas, sempre no rosto, e a próxima com certeza seria eu”, disse a jovem.
A história da menor no terreiro, que funcionava no Gama, Distrito Federal, começou em setembro do ano passado, quando buscou ajuda alegando que queria fazer transição de gênero. Durante esse período, a vítima passou a realizar tarefas domésticas no local, convivendo com outros moradores, entre eles, outra mulher que estava na tenda há mais tempo. Com o passar dos meses, a adolescente se afastou da família e, nas últimas semanas antes de sua fuga, foi obrigada a cortar completamente o contato com a mãe.
A menor revelou ainda que passou a ser explorada sexualmente no local. “Ela nos transformou em escravos, éramos obrigadas a nos prostituir. Minhas roupas foram parar no lixo porque eram inadequadas para a minha nova função. Comecei a usar roupas sensuais, que ela me obrigava a vestir. Também posávamos para fotos íntimas para atrair clientes. Toda a quantia ia para a conta dela”, contou a adolescente.
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A garota seguiu relatando os momentos de terror. “Ela pegou uma concha com brasa e queimou a palma das minhas mãos, depois queimou o topo da minha cabeça. Foi totalmente horrível. Também queimou a minha língua e colocou pimenta em cada lugar machucado. Por fim, pegou uma cachaça e jogou na minha cabeça, o álcool foi escorrendo pelo rosto, pelo meu corpo. Naquele momento, eu pensei que ela ia colocar fogo em mim. Depois, ela quebrou a garrafa, perfurou minhas mãos e cortou os meus braços”, disse. Ferida, a jovem ainda foi levada para o banheiro, onde cortaram o cabelo dela e a obrigaram a lamber pimenta do chão. Mesmo sem forças, foi obrigada a servir o jantar para a família da mãe de santo.
No dia 26 de janeiro desse ano, a garota conseguiu fugir da tenda e procurou seu pai. A família a levou ao Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), onde passou por diversas cirurgias reparadoras. Outra mulher que vivia na tenda também foi localizada no momento em que também tentava fugir da agressora.
Com base nos depoimentos e nas provas apresentadas, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abriu inquérito para investigar a série de denúncias. O caso passou a incluir não apenas os maus-tratos físicos, mas também possíveis crimes de exploração sexual, cárcere privado e agressão. A vítima foi submetida a exames no Instituto Médico Legal (IML), e seu celular acabou apreendido para análise.
A agressora foi presa na última quinta-feira (06/03) em Planaltina de Goiás (GO), após fugir de onde morava em Gama (DF). A mãe de santo negou qualquer envolvimento nas agressões e disse não saber da origem das queimaduras. A polícia segue investigando o caso.
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