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Líder indígena critica ideia de 'extrativismo inesgotável' do País

Aílton Krenak disse que meras declarações de que direitos de povos tradicionais devem ser preservados são, para ele, cinismo

Agência Estado

Convidado para debater modelos de desenvolvimento para o Brasil, o líder indígena Aílton Krenak afirmou que os recursos no País tem sido encarados como uma "plataforma extrativista inesgotável" e que meras declarações de que direitos de povos tradicionais devem ser preservados são, para ele, cinismo. No painel "Que desenvolvimento queremos?", no Brazil Forum UK, ele questionou a possibilidade de conciliar a preservação do meio ambiente com metas de produção agrícola e energética.

"Seria cinismo a gente insistir num debate dizendo que os povos tradicionais tem algum direito e que as florestas e os rios tem uma política de preservação", disse Krenak. "O Brasil é uma plataforma extrativista."

Participaram do painel também a senadora Kátia Abreu (PP-TO), a quilombola ativista Valéria Pôrto, e o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BNDES Joaquim Levy.

O consenso entre os debatedores foi que, sem levar em conta as condições em que vivem comunidades marginalizadas, o desenvolvimento ficará pela metade.

"Não somos realmente desenvolvidos se tivermos gente que ficou para trás. Existe esse aspecto de universalidade do desenvolvimento", disse Levy.

Ele também frisou a importância da preservação de recursos naturais e culturais para a sustentabilidade de negócios e do próprio desenvolvimento do País. "Há esse balanço entre querer crescer, fazer mais coisas, e conhecer os limites. Isso é saber aproveitar o recurso, como patrimônio da sociedade, tanto o recurso natural quanto o recurso cultural, a diversidade. Todo mundo já descobriu que você consegue chegar mais longe há mais diversidade de visões."

Sobre diversidade cultural, a ativista quilombola Valéria Pôrto reforçou a importância da manutenção de tradições para a sobrevivência de sua comunidade, que desenvolve técnicas de agroecológia para subsistência. "Pensamos num desenvolvimento que`consiga trazer políticas públicas que dialoguem com o conhecimento que nós trazemos em nossas bases."

A senadora Kátia Abreu, ex-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), começou sua participação no painel lembrando que suas respostas sobre desenvolvimento podem ter mudado muito nos últimos dez anos. Ela afirmou que não é necessário desmatamento para aumentar a produção da agricultura no Brasil - e defendeu o aumento de produtividade com tecnologia, sem expandir os territórios para cultivo.

"Nós não temos motivo para brigar por terra", disse a senadora. "Só precisamos de inteligência e bom senso para satisfazer todos os brasileiros. O Brasil não precisa ser assim: ou cabe índio ou cabe branco, ou cabe quilombola, não existe isso no Brasil."

As informações são do jornal O Estado de Sâo Paulo.

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