Laudo aponta que criança de 2 anos assassinada foi estuprada
Menina deu entrada na UPA 30 vezes antes de ser morta
A menina de dois anos que deu entrada 30 vezes em uma Unidade de Pronto Atendimento, em Campo Grande (MS), foi vítima de violência sexual, conforme aponta o laudo necroscópico, que saiu nesta sexta-feira (3). A mãe da criança, Stephanie de Jesus da Silva, e o padrasto, Christian Campoçano Leitheim, estão presos preventivamente pelo crime de homicídio qualificado e estupro de vulnerável.
A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul atestou que a menina sofreu "traumatismo raquimedular em coluna cervical e violência sexual não recente". A polícia não informou se o estupro ocorreu há dias ou semanas antes da morte.
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A certidão de óbito da menina diz que a causa da morte foi trauma raquimedular em coluna cervical após ela sofrer ferimentos decorrentes de “força contundente” e "significativa", que perfuraram os pulmões e causaram a lesão na coluna.
O inquérito policial foi relatado pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) e encaminhado ao Poder Judiciário.
Criança morava com a mãe
A menina vivia com a mãe, o padrasto e outros dois irmãos (um deles filhos de Christian com a primeira esposa). As crianças ficavam sob os cuidados do padrasto enquanto a mãe trabalhava.
Stephanie deu entrada no posto de saúde com a filha já sem vida. As médicas evidenciaram lesões pelo corpo da criança, inclusive nas partes íntimas, e perceberam que a menina já estava morta há cerca de quatro horas.
A mãe alegou que a menina estava passando mal desde o dia anterior, com dores na barriga, e que o padrasto batia como correção. Segundo afirmação do casal, a criança não foi agredida no dia da morte.
Pai biológico
O pai biológico da criança, Jean Carlos Campos, havia feito denúncias à polícia e ao Conselho Tutelar, pois já tinha observado hematomas na criança durante as visitas. Ele tentou ficar com a guarda da filha e registrou boletins de ocorrência por maus-tratos.
Na época, Stephanie de Jesus e a mãe foram ouvidas na DEPCA, sendo que o inquérito foi concluído e enviado à Justiça. Por ter sido enquadrada numa conduta considerada menos grave, não houve instrução na Justiça. Ele compareceu perante juiz e promotor e o caso foi arquivado.
A criança foi levada à unidade de saúde 30 vezes e entre as passagens, com fratura na tíbia e até queimadura. A mãe informou ter sido acidental, nos dois casos. Sobre o fato de as lesões não terem levantado suspeita na equipe médica, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) pontuou que ocorreu em apenas uma das vezes, da fratura na tíbia, que foi justificada pela mãe por uma queda.
"Os demais atendimentos não tiveram nenhum sinal de que ela poderia ter sido agredida. Em casos suspeitos, automaticamente os profissionais da unidade notificam os órgãos responsáveis. Como aconteceu, inclusive , quando ela deu entrada já em óbito", explicou a Secretaria, que abriu procedimento interno para apurar as circunstâncias que se deram os atendimentos à menina.
(*Emilly Melo, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política)
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