Justiça suspende Bloco 4 do Concurso Nacional Unificado

A ação que aponta irregularidades na aplicação das provas foi motivada por fraude comprovada ocorrida em uma escola de Recife (PE). No Pará, MPF investiga 22 denúncias

O Liberal

A Justiça decidiu, nesta quinta-feira (03/10), suspender as avaliações do Bloco 4 do Concurso Nacional Unificado (CNU), após uma ação popular movida contra a União e a Fundação Cesgranrio, organizadora do concurso de nível federal. A decisão visa dar tempo para que sejam investigadas denúncias de fraude no certame. A União tem prazo de 15 dias para recorrer. 

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image MPF investiga 22 denúncias de irregularidades na prova do CNU no Pará
Denunciante de Belém também relata possível fraude no dia da aplicação da prova em escola situada no bairro de São Brás

A decisão judicial de hoje suspende os efeitos da prova do Bloco 4 até o julgamento final da ação, sem previsão ainda para ocorrer. A ação, que aponta irregularidades na aplicação das provas, foi motivada por um incidente na Escola de Ensino Médio Jornalista Trajano Chacon, em Recife. Segundo o documento, candidatos receberam as avaliações do turno da tarde por engano durante o turno da manhã, comprometendo a lisura do certame.

Em resposta a ação popular, a União reconheceu o erro que envolveu a violação de um dos lotes de provas que deveriam ser entregues na parte da tarde, mas negou que tenha havido vazamento de conteúdo, afirmando que as provas foram recolhidas antes do início das avaliações e sem que ninguém tivesse visto o conteúdo. No entanto, a ação comprovou, através de testemunhas, que candidatos tiveram contato com a prova pela parte da manhã.

No Pará

Além do caso em Recife, mais estudantes, inclusive do Pará, estão denunciando fraudes no concurso. No estado, por enquanto, existem 22 denúncias de fraudes envolvendo o concurso sendo investigadas pelo Ministério Público Federal, nem todas relacionadas apenas com a prova da tarde em questão.

Uma das denunciantes, que realizou a prova numa escola em Belém, relatou que entrou com uma ação no Ministério Público Federal após suspeitar uma fraude na sala. A denunciante relata que, no dia do exame, uma mulher, que seria fiscal de sala, entrou no local onde ela fazia a prova e pediu ao fiscal daquele local uma das várias provas que estavam sobrando. A suposta fiscal levou consigo, então, um exemplar, disse a denunciante paraense, que achou o comportamento suspeito, mas que não falou nada no momento da prova e prosseguiu com seu exame.

"Achei estranho, mas decidi seguir o exame. Quando saíram denúncias em todo Brasil, muitas aqui, suspeitei sim de uma máfia que pode estar envolvida nessas fraudes e decidi entrar com uma ação também”, disse à reportagem de O Liberal.

A mulher diz estar acompanhando as denúncias contra o certame que estão surgindo. Até o momento, apenas o caso da escola no Recife que foi comprovado e o erro foi admitido pela União.

“Com todo respeito pelo processo seletivo, mas estamos vendo vários relatos de denúncias, só que nada tem provas cabais, estão sendo investigadas. A denúncia do Recife é a única que tem uma prova, que a União admitiu ter falhado, então nos apegamos também a isso”, explica. Para ela, uma nova prova da tarde do concurso do bloco 4 é o mais justo a se fazer diante das denúncias de fraude.

“A ação popular pleiteia que a prova da parte da tarde seja cancelada e remarcada, feito um novo concurso dessa prova da tarde, que foi ela que foi vazada”, diz.

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