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Influenciadores digitais acusados de explorar filha com deficiência forjavam brigas, diz polícia

Segundo investigações da Polícia Civil, Igor Viana e Ana Santi encenavam brigas nas redes sociais para sensibilizar seguidores e conseguirem mais doações

Hannah Franco

A Polícia Civil investiga Igor Viana e Ana Santi, pais de uma menina de 2 anos com paralisia cerebral, por maus-tratos contra a criança e desvio de doações. As suspeitas surgem após denúncias de que o casal teria forjado brigas nas redes sociais para comover seguidores e aumentar o engajamento, a fim de obter mais doações para a filha.

Segundo a delegada Aline Lopes, responsável pelo caso, a mãe da menina teria assumido que as brigas do casal eram combinadas. O objetivo seria sensibilizar os seguidores e incentivá-los a doar dinheiro para o tratamento da criança. As supostas discussões entre o casal, inclusive com ofensas e xingamentos, eram publicadas nas redes sociais, como se fossem reais.

"Eles estavam juntos até pouco tempo. Nesse último mês eles se separaram e essa separação se deu de forma amigável, mas eles estariam chamando uma briga pública entre os dois, de forma a gerar mais engajamento", explicou a delegada ao site G1.

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Além de encenar brigas, há também suspeitas de que o casal tenha desviado parte das doações recebidas para fins pessoais. Segundo a polícia, Ana Santi desviou os valores para realizar cirurgia plástica e outros procedimentos estéticos.

"Ambos trabalham com a internet, mas a principal fonte de renda deles vem das doações que a menina recebe. Estamos apurando se houve desvio de dinheiro e se ele foi utilizado para algo que não seja o sustento e os tratamentos da menina", descreveu a delegada Aline Lopes.

Sobre o caso

A Polícia Civil de Goiás investiga um caso de maus-tratos contra uma menina de 2 anos com paralisia cerebral em Anápolis. Os pais da criança, os influenciadores digitais Igor de Oliveira Viana e Ana Vitória Alves dos Santos, são os principais suspeitos dos crimes. As investigações começaram na última semana após denúncias de que a menina estava sendo negligenciada e não tinha condições de higiene adequadas. As denúncias também apontavam para um possível desvio de doações feitas por seguidores para ajudar a criança.

Nas redes sociais, Igor compartilhava a rotina da filha, mas em alguns momentos, chegava a debochar da criança. Em um dos vídeos investigados, ele chama a menina de "inútil" após pedir que ela fosse ao mercado.

A partir das denúncias e das postagens nas redes sociais, Igor se tornou suspeito de diversos crimes, incluindo maus-tratos, estelionato, desvio de proventos de pessoa com deficiência e por causar constrangimento à criança. Ana Santi, por sua vez, também é investigada pelos mesmos crimes, mas na forma de omissão, já que não teria tomado nenhuma atitude para proteger a filha.

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Em áudios divulgados, Igor chegou a chamar os seguidores que fizeram doações à menina de "trouxas" e argumentou que o dinheiro era enviado para a conta dele, portanto, ele não seria obrigado a gastar apenas com a menina. Ele também alegou que a criança "é chata" e que tinha vontade de abandoná-la. "Eu não imaginava que uma criança que tem 10% do cérebro funcionando fosse tão chata e pudesse me dar tanto problema. A vontade, às vezes, é de largar na porta do orfanato e deixar alguém se virar, alguém tomar conta", finalizou.

Diante das graves denúncias e da situação precária da criança, o Conselho Tutelar de Anápolis retirou a menina da casa do pai e a colocou sob a responsabilidade da avó paterna. A Polícia Civil segue investigando o caso.

*(Hannah Franco, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web em OLiberal.com)

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