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Especialistas negam que estudo da Nasa indique que Brasil ficará inabitável em 50 anos

Estudo da Nasa ganhou repercussão neste mês

O Liberal

Um estudo feito por pesquisadores da Nasa em 2022 e publicado na "Science Advances", uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo, ganhou repercussão nas redes sociais neste mês pela afirmação equivocada de que o Brasil ficará inabitável dentro de um prazo de 50 anos devido às altas temperaturas. Especialistas ouvidos pelo portal G1 explicam sobre a pesquisa e afirmam que ela não cita o Brasil e não tem dados relevantes sobre a América Latina, e muito menos diz que esses locais ficariam inabitáveis em determinado período.

Assinada por Colin Raymond (autor principal), a pesquisa faz uma análise de dados históricos entre 1979 e 2017, mapeando as temperaturas do bulbo úmido (não é a temperatura dos termômetros, mas uma medida que relaciona calor e umidade do ar para avaliar o estresse térmico). O estudo não faz uma projeção para 2070, como como sugerem os conteúdos que circulam na internet.

O trabalho faz alertas importantes sobre o aumento de eventos com temperaturas e umidade além do suportável para as pessoas. 

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"Não há absolutamente nenhuma informação sobre isso e qualquer base científica para dizer que o país ficaria inabitável. O estudo não faz uma projeção de como a Terra ficaria em 30 anos, até porque isso dependeria da análise de outras variáveis e não só da temperatura de bulbo", explicou Pedro Camarinha, PhD em mudanças climáticas e pesquisador no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), esclarecendo que a informação compartilhada nas redes sociais está distorcida.

“Esse tipo de afirmação ignora as tentativas de reversão e até mesmo a capacidade do ser humano de se adaptar”, acrescentou.

A climatologista e divulgadora científica Karina Lima reforma essa explicação. "Concluir que o Brasil se tornará inabitável é um salto grande em relação às conclusões deste estudo específico. É cravar algo que este estudo não cravou", disse. “É essencial que consigamos limitar o aquecimento global bem abaixo dos 2°C para diminuir os riscos. Também é fundamental a mitigação das mudanças climáticas, pois precisamos nos preparar, aumentando nossa resiliência, para o mundo que já temos e para o que teremos”.

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