Epidemia global: Acidentes com patinetes elétricos preocupam médicos e autoridades internacionais
Estudos apontam aumento global de lesões com e-scooters; São Paulo implementa regras mais rígidas para retorno do modal.
Patinetes elétricos de aluguel voltaram às ruas de São Paulo após anos de suspensão, seguindo uma tendência global em grandes metrópoles. No entanto, o retorno coincide com um cenário preocupante: uma série de estudos médicos aponta uma epidemia de acidentes relacionados a esse meio de transporte em países como Estados Unidos, Austrália e diversos países da Europa. (Com informações do jornal O Globo)
Na última semana, um levantamento publicado na revista Injury Prevention revelou que o número de feridos por quedas de patinetes triplicou nos Estados Unidos desde 2019, ano em que o uso desses veículos se popularizou em cidades americanas.
Liderado pelo epidemiologista Edwin Akomaning, da Universidade Estadual de Dakota do Norte, o estudo analisou dados hospitalares e estimou que cerca de 280 mil acidentes ocorreram no país nos últimos quatro anos. Em 9% dos casos registrados, os usuários haviam consumido álcool, enquanto o uso de capacete continua sendo uma prática negligenciada.
Além dos EUA, outros países também estão enfrentando desafios. Um estudo italiano, realizado no Hospital Niguarda de Milão, destacou que ferimentos nos membros superiores (mãos e braços) representam 31,8% dos casos, seguidos de traumas na cabeça, com 19,5%. Os pesquisadores relataram que apenas 3,9% dos acidentados usavam capacete, mesmo com os riscos evidentes. A maioria dos acidentes (80%) ocorre em quedas espontâneas, sem envolvimento de terceiros.
Os patinetes elétricos, embora menores e mais lentos do que bicicletas, carregam riscos específicos. O tamanho reduzido das rodas, a dificuldade de manter o equilíbrio e a falta de pontos de apoio, como o selim das bicicletas, tornam as quedas mais graves. Estudos também sugerem que a falta de regulamentação clara sobre o uso seguro contribui para comportamentos arriscados, como pilotar sob efeito de álcool e sem capacete.
Tentativas de regulamentação
Diante do aumento dos acidentes, algumas cidades ao redor do mundo têm imposto regras mais rígidas. No estado de Queensland, na Austrália, medidas como velocidade máxima de 25 km/h, uso restrito em vias de alta velocidade e limitação a maiores de 16 anos foram implementadas. No entanto, um estudo feito em Brisbane não registrou queda nos incidentes, com o número de feridos subindo de 162 para 217 em um período de seis meses antes e depois da nova lei.
De acordo com especialistas, prevenir acidentes com patinetes elétricos pode ser mais complexo do que o previsto. O radiologista Nicholas Watson, do Royal Brisbane and Women's Hospital, alerta que é preciso mais cautela antes de uma ampla adoção do modal. A cidade de Melbourne, por exemplo, proibiu o uso de e-scooters em regiões centrais a partir de 2024 devido aos problemas enfrentados.
Regras em São Paulo
Com o retorno dos patinetes elétricos, São Paulo estabeleceu diretrizes mais rígidas para aumentar a segurança dos usuários. A velocidade máxima permitida é de 20 km/h, e a circulação em vias com carros é limitada a locais com velocidades de até 40 km/h. Autoridades e especialistas acompanham de perto o impacto das medidas, enquanto outras cidades aguardam os resultados para avaliar se a experiência paulista pode servir de modelo seguro para a reintrodução desse modal.
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