Curso gratuito prepara professores e gestores para avaliar a qualidade na Educação Infantil
Segundo o estudo, em 92% das turmas observadas, crianças já contam com possibilidades de aprendizagens por meio de práticas como conversar, narrar, argumentar e brincar
O curso “Avaliação da Qualidade na Educação Infantil”, desenvolvido pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e Itaú Social, possibilita que os participantes conheçam e planejem uma avaliação de ambientes com base na Escala de Avaliação de Ambientes de Aprendizagens dedicados à Primeira Infância (EAPI), cujo foco é a Educação Infantil - creches e pré-escola. Atualmente, ele está com as inscrições abertas.
Com duração de 30 horas, a formação contempla diversas ferramentas que possibilitam simulações de vivência e o planejamento de uma avaliação para a Educação Infantil nos municípios. A iniciativa é gratuita, online, autoformativa e voltada a secretários de educação, gestores escolares, coordenadores e professores.
As inscrições estão disponíveis no Polo, ambiente de formação do Itaú Social que oferece conteúdos e cursos que respondam aos principais desafios de quem trabalha e se interessa por educação. Faça sua inscrição aqui.
Pesquisa avalia qualidade da Educação Infantil
Pesquisa realizada pela primeira vez desde a aprovação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), homologada em 2017, analisa a qualidade do Ensino Infantil no país. Os dados da Avaliação da Qualidade da Educação Infantil: um retrato pós-BNCC demonstram que em 92% das turmas observadas, as ações mais presentes e com maior qualidade são as que apresentam oportunidades de aprendizagens por meio de práticas como conversar, narrar, argumentar e brincar com rimas. Em 45% delas, as crianças podem participar de forma autônoma, ativa e aberta.
A pesquisa é considerada a maior avaliação em âmbito nacional já realizada com este recorte da qualidade na Educação Infantil. Foram analisadas 3.467 turmas de creches e pré-escolas, contemplando 1.807 unidades de ensino de todas as regiões do país. Para a medição da qualidade dos ambientes de aprendizagens, foi levado em conta a escala da EAPI (Escala de Avaliação de Ambientes de Aprendizagens Dedicados à Primeira Infância), criada a partir de uma adaptação da metodologia MELQO (Measuring Early Learning and Quality Outcomes) para os parâmetros e orientações normativas da educação brasileira.
O levantamento foi feito pelo Itaú Social e pela FMCSV (Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal), em parceria com o LEPES (Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social) da Universidade de São Paulo, com apoio do Movimento Bem Maior.
Conforme a pesquisa, experiências com teatro, dança e música poderiam ser mais frequentes e com maior espaço para o protagonismo das crianças, uma vez que em 27% das turmas essa oportunidade não foi observada, e em 38% foi percebida de forma repetitiva ou mecânica.
“A educação infantil é essencial para a progressão e transição para as etapas seguintes do Ensino Fundamental. As experiências durante essa fase contribuem para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemocionais. Para alcançar esse objetivo, é importante que a escola proporcione um ambiente lúdico, mas com o olhar pedagógico”, diz a gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social, Sonia Dias.
Pontos de atenção
O estudo também sinaliza pontos de atenção. Nesse sentido, práticas de aprendizagem com leitura e escrita, e oportunidades relacionadas à participação das crianças na organização das atividades cotidianas não ocorreram em 39% e 49% das turmas, respectivamente, e ainda possuem uma grande margem para melhoria do uso de estratégias que promovam o protagonismo por meio do brincar.
Por sinal, os momentos de brincadeira livre não foram observados em 42% das turmas. Isso significa que a possibilidade de brincadeiras de forma autônoma e em espaços previamente organizados pelos professores não foi ofertada a essas crianças. Mesmo quando ocorreu, em 19% foi com liberdade restrita e em 17% sem o educador facilitar a atividade ou interagir com as crianças para ampliar as aprendizagens, desacompanhadamente. Dessa forma, apenas em 22% das turmas essa chance de aprendizagem atinge seu objetivo de que as crianças tenham aprendizagens ampliadas ao tomar decisões, explorando seus próprios interesses de forma independente.
Os momentos de leitura de livros de história pelo professor aparecem como um destaque no que diz respeito à desigualdade de oportunidades. Em 27% das turmas, a prática é realizada no nível máximo de qualidade, enquanto em mais da metade delas (55%) isso sequer é observado.
A Avaliação da Qualidade da Educação Infantil mostra, por fim, que o atendimento feito às crianças nas unidades educacionais do Brasil é apenas regular. O que significa que, ao olhar para os resultados de maneira agregada, compreendendo que a qualidade da Educação Infantil não pode ser concebida de forma seccionada, percebe-se que o que ocorre na prática não está em total acordo com a noção de desenvolvimento integral proposta e objetivada pela BNCC. Ainda que, isoladamente, alguns aspectos não sejam tão críticos.
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