'Cratera maior que o estádio Maracanã'; entenda os possíveis riscos do colapso das minas em Maceió
Na última quarta-feira (29), várias casas e um hospital precisaram ser evacuadas às pressas devido o risco de um possível afundamento de terra
O risco iminente de desabamento de uma das minas da Braskem, empresa responsável pela mineração que afetou cinco bairros de Maceió, provocou a evacuação às pressas de residências e de um hospital, na última quarta-feira (29). Devido a gravidade da situação, a prefeitura optou por decretar situação de emergência.
O possível colapso na mina 18 da empresa é fruto da extração de sal-gema, que criou espaços "ocos" no solo, conforme laudo emitido pelo antigo Serviço Geológico do Brasil - CPRM, em 2019, onde a Braskem é apontada como a responsável pelo possível colapso de terra da região.
Nas últimas 48 horas, foi registrado um afundamento de 1,6 metros do solo, o que antes vinha sendo registrado 50 centímetros por dia. O aumento de 3 cm para cada 24 horas foi considerado uma aceleração da movimentação.
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A extração do material, minério utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC, tinha autorização do poder público. Em fevereiro de 2018, foram identificadas as primeiras rachaduras no bairro do Pinheiro, algumas delas com 280 metros de extensão.
Em março do mesmo ano, um tremor de magnitude 2,5 foi registrado, o que agravou as rachaduras e crateras no solo, provocando danos irreversíveis nos imóveis e na região como um todo.
Somente em 2019 o CPRM confirmou que a mineração foi quem provocou a instabilidade no solo.
Bairros fantasmas
Desde a confirmação do órgão público ligado ao governo sobre os riscos, mais de 14 mil imóveis precisaram ser desocupados, onde cerca de 55 mil pessoas foram afetadas, transformando algumas áreas em bairros fantasmas.
Com a Braskem responsabilizada pela instabilidade do solo, um trabalho foi iniciado pela mineradora para o fechamento e estabilização de 35 minas na região, com profundidade de 886 metros.
Riscos do possível colapso das minas de Braskem
O professor UFAL Abel Galindo, engenheiro civil com mestrado em geotecnia pela UFPB, avalia que o desabamento da mina 18 pode afetar outras duas minas vizinhas, o que poderá formar uma cratera que caberia o estádio do Maracanã.
Com o desabamento, a água da lagoa, terra e detritos seriam escoados para dentro da cratera, procovando a formação de um lago com profundidade de cerca de dez metros.
O fenômeno tornaria a água salgada, impactando de forma negativa todo o mangue da região.
No momento, os riscos não devem provocar estragos nas construções ao redor, segundo as autoridades.
Carolina Mota, estagiária sob supervisão da editora web de OLiberal.com Mirelly Pires)
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