Comando Vermelho aproveita a pandemia e se estabelece na Bahia

A chegada do grupo às terras baianas se deu por meio de aliança feita com uma facção local, a Comando da Paz

Daniel Aloisio, especial para o Estadão - AE

Está estampado nos muros de Salvador, nas mensagens de WhatsApp e no medo sentido por policiais e delegados que lidam com a segurança pública: o Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções do País, se estabeleceu na Bahia. A informação foi publicada no jornal Correio da Bahia e confirmada pelo Estadão.

A chegada do grupo às terras baianas aconteceu durante a pandemia do novo coronavírus e se deu por meio de aliança feita com uma facção local, a Comando da Paz, que foi criada em 2007. Agora, a CP, como é conhecida, funciona como célula do Comando Vermelho, que já tinha o hábito de fornecer armas e drogas para o Estado.

Um dos principais locais de Salvador que estão sob domínio do CV é o Complexo do Nordeste de Amaralina, que também engloba os bairros de Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho. É na frente de uma base comunitária de Santa Cruz e a menos de 500 metros da 40.ª Companhia Independente da Polícia Militar que, em cor vermelha, as pichações "CP" e "CV" foram feitas.

Nos grupos de WhatsApp, mensagem atribuída aos integrantes baianos do Comando Vermelho lamentava a morte de Elias Maluco, uma das principais lideranças da facção, na Penitenciária de Catanduvas (PR).

O texto compartilhado dizia ainda que a facção possui o comando de 26 localidades baianas, da capital e interior. A reportagem procurou delegados e policiais que atuam nessas áreas, mas não obteve retorno.

"Dentro dos presídios baianos, já têm integrantes tanto do CV como do Primeiro Comando da Capital (PCC). De certa forma, eles já estavam presentes na Bahia. O que pode estar acontecendo agora é uma oficialização, se é que podemos usar esse termo", explicou o especialista em segurança pública e coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário Estácio da Bahia - Estácio FIB, coronel Antônio Jorge.

Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em segurança pública, Rafael Alcadipani lembrou que o PCC e o CV têm uma disputa nacional e que os integrantes entram em conflito para controlar territórios. "O PCC já está presente na Bahia há cerca de seis anos. Para o Comando Vermelho é uma questão de posicionamento estratégico ir para a Bahia e ocupar mais posições nesse jogo de xadrez que é o crime organizado do Brasil."

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) disse que qualquer organização criminosa que almeje se instalar na Bahia será combatida com ações de inteligência e de repressão.

O Estadão procurou outros órgãos, como a Polícia Federal, O Ministério Público do Estado da Bahia e o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que não se pronunciaram.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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