Brasil recebe missão da ONU que apura genocídios
Em seu perfil oficial no Twitter, a ONU Brasil confirmou a chegada de Alice ao país e informou que a visita ocorre a pedido do governo brasileiro

Nesta terça-feira (2), Alice Wairimu Nderitu, assessora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Prevenção do Genocídio, iniciou sua primeira visita oficial ao Brasil. Durante os próximos dez dias, a assessora terá encontros com representantes do governo, organizações da sociedade civil, comunidades indígenas e membros da comunidade internacional. De acordo com informações divulgadas pela ONU, o objetivo é obter uma melhor compreensão dos acontecimentos recentes no país, de acordo com informações divulgadas pela ONU.
“A visita terá foco especial na situação dos povos indígenas, afrodescendentes e grupos e comunidades vulneráveis”, completou a entidade, por meio de nota. Ao final da missão, no próximo dia 12, Alice participa de entrevista coletiva virtual no Rio de Janeiro.
Em seu perfil oficial no Twitter, a ONU Brasil confirmou a chegada de Alice ao país e informou que a visita ocorre a pedido do governo brasileiro. Em outra mensagem, a ONU Brasil cita encontros da assessora especial com representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Igualdade Racial e dos Povos Indígenas.
Na semana passada, uma comitiva interministerial foi enviada pelo governo federal a Roraima em resposta aos ataques ocorridos na Terra Indígena Yanomami. Segundo líderes indígenas, no último sábado (29), três yanomamis foram baleados, sendo que um agente de saúde falece no local. A Polícia Federal (PF) informou, em comunicado, que suas equipes foram enviadas ao território “com o intuito de investigar o ocorrido e interromper eventuais agressões que ainda estivessem em andamento”.
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Ontem (1º), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima confirmou a morte de quatro garimpeiros dentro da terra yanomami, na noite de domingo (30), após reagirem a uma incursão de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Um dos garimpeiros mortos era membro de uma facção criminosa com atuação em todo o país, e essa linha de investigação passou a ser um dos focos de ações de inteligência do governo federal na região.
Campanha #NãoAoÓdio
Em vídeo recente da campanha mundial #NãoAoÓdio, coordenada pela ONU, Alice Wairimu Nderitu chama a atenção para os graves riscos criados pela crescente onda de disseminação do discurso de ódio e da desinformação por meios digitais e pelas redes sociais. “Devemos prestar atenção ao discurso de ódio. O que ele pode fazer. Sua capacidade de destruir completamente, sua capacidade de desumanizar completamente”, destacou.
“Todos sabemos que nenhuma criança nasce com ódio. O ódio é ensinado. Precisamos entender que nenhuma sociedade no mundo está imune ao discurso de ódio”, disse. “Quando um genocídio se desenrola, as pessoas visadas são pessoas comuns. E precisamos continuar prestando atenção específica às narrativas que passamos de uma geração para outra”, completou a assessora especial.
(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).
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